No Dia Mundial de Combate à Meningite, a Vigilância Epidemiológica reforça a importância da vacinação

COM ASSESSORIAS – Você conhece a doença chamada Meningite, bem como suas variáveis? Nesta segunda-feira, dia 24 de abril, é o Dia Mundial de Combate à Meningite, então conversamos com duas enfermeiras da Vigilância Epidemiológica de Campo Largo, vinculada à Secretaria Municipal de Saúde. Edina Balduino de Souza e Ana Paula Loureiro Lyrio destacam a importância da prevenção, do diagnóstico, do tratamento e da melhoria das medidas de suporte àqueles que lidam com os efeitos potencialmente devastadores dessa doença.
Características da doença – A Meningite é uma inflamação que atinge adultos e crianças, e tem alta mortalidade. “É uma infecção que se instala, principalmente, quando uma bactéria ou vírus, por alguma razão, consegue vencer as defesas do organismo e ataca as meninges, três membranas que envolvem e protegem o encéfalo, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central”, destaca Edina de Souza, lembrando que é uma doença de notificação compulsória. Aqui no Brasil, tal enfermidade é considerada uma doença endêmica em que casos são esperados ao longo de todo o ano, e com a ocorrência de surtos e epidemias ocasionais. A ocorrência dos casos bacterianos é mais comum no outono-inverno, já os virais são na primavera-verão.
Transmissão – Pode ser transmitida pelo doente – ou pelo portador assintomático – por meio da fala, tosse, espirros, beijos, ou seja, secreções respiratórias, passando da garganta de uma pessoa para outra. A enfermeira Edina explica que “nem todos que adquirem o meningococo ficam doentes, pois o organismo se defende com os anticorpos que cria através do contato com essas mesmas bactérias, adquirindo portanto, resistência à doença. As crianças de 6 meses a 1 ano são as mais vulneráveis ao meningococo porque, geralmente, ainda não desenvolveram anticorpos para combatê-la”.
Sintomas – Quando surgir cansaço, febre alta, dor de cabeça, grave e persistente, rigidez do pescoço, náuseas e vômitos, prostração, confusão mental, sinais de irritação meníngea, irritabilidade, sonolência, abaulamento de fontanelas e/ou manchas no corpo, a enfermeira Ana Paula Lyrio avisa que todos esses sintomas podem ser um indicativo da Meningite e orienta a procura imediata de atendimento na saúde municipal. Ela ainda chama a atenção para as diferenças entre os casos bacterianos e virais:
Meningites virais: nestes casos o quadro é mais leve, com sintomas que se assemelham a gripes e resfriados. A doença acomete, principalmente, as crianças, que têm febre, dor de cabeça, um pouco de rigidez da nuca, inapetência e irritação. Uma vez que os exames comprovam tratar-se de meningite viral, a conduta é esperar que o caso se resolva sozinho, como acontece com as outras viroses.
Meningites bacterianas: são casos mais graves e que devem ser tratados imediatamente. Os principais agentes causadores são as bactérias meningococos, pneumococos e hemófilos, transmitidas pelas vias respiratórias ou associadas a quadros infecciosos de ouvido, por exemplo. Em pouco tempo, os sintomas aparecem: febre alta, mal-estar, vômitos, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo. Esse é um sinal de que a infecção está se alastrando rapidamente pelo sangue e o risco de sepse aumenta muito. Nos bebês, a moleira fica elevada.
Tratamento – O tipo de tratamento depende do agente que causa a doença. Assim como em outras enfermidades causadas por vírus, não existe tratamento específico para as meningites virais, apenas medicamentos para combater febre e dor que são úteis para aliviar os sintomas. Já nos casos em que as bactérias são as causadoras, o tratamento é com antibióticos aplicados diretamente na veia do paciente e sua administração deve começar o mais rápido possível para evitar complicações e sequelas. Há ainda os casos oriundos de fungos, ou pelo bacilo da tuberculose, que exigem tratamento prolongado à base de antibióticos e quimioterápicos (por via oral ou endovenosa).
Prevenção – Além dos cuidados de higienização, a aplicação das vacinas disponibilizadas pelo Plano Nacional de Imunização (PNI), do Sistema Único de Saúde (SUS), é uma das formas mais eficientes de prevenção à Meningite. A rede pública de saúde oferece, gratuitamente, diversos imunizantes, confira:
Meningite tipo C (a proteção está contida na vacina Meningo C):
– para crianças (1ª dose aos 3 meses; 2ª dose aos 5 meses; e reforço entre 12 meses e 4 anos 11 meses e 29 dias);
– para crianças de 06 a 10 anos que não realizaram nenhuma dose (dose única);
– para adolescentes entre 12 e 13 anos – 1 dose;
Meningite por pneumococo (a proteção está contida na vacina Pneumo 10 valente):
– para crianças menores de 5 anos (1ª dose aos 2 meses; 2ª dose aos 4 meses; e reforço entre 12 meses e 4 anos 11 meses e 29 dias);
Meningite por Haemophilus influenzae (a proteção está contida na vacina Pentavalente): – para crianças menores de 7 anos (1ª dose aos 2 meses; 2ª dose aos 4 meses; e 3ª dose aos 6 meses);
Meningite tuberculosa (a vacina BCG protege contra a meningite tuberculosa):
– para crianças, ao nascer;
Vacina meningocócica ACWY (proteção para o sorogrupo A, C, W e Y):
– para adolescentes de 11 e 12 anos.
Há, ainda, alguns imunizantes com indicação médica, conforme protocolo do Ministério da Saúde. São os imunobiológicos especiais: vacina Haemophilus influenzae tipo B conjugada (Hib), vacinas pneumocócicas polissacarídica (Pneumo 23) e conjugadas (Pneumo 10 e Pneumo 13).
Além de manter a vacinação em dia, outras ações podem ajudar como evitar locais com aglomeração de pessoas; deixar os ambientes ventilados, se possível ensolarados, principalmente salas de aula, locais de trabalho e no transporte coletivo; não compartilhar objetos de uso pessoal e reforçar os hábitos de higiene, lavando as mãos com frequência, especialmente antes das refeições.
Recomendação – Alguns sintomas da Meningite podem ser confundidos com os de outras infecções por vírus e bactérias, alertam as enfermeiras. Então não fique na dúvida: criança chorosa, inapetente e prostrada, que se queixa de dor de cabeça, precisa ser levada, o mais depressa possível, para avaliação médica de urgência. É uma doença que tem cura, porém pode levar a óbito, ou causar efeitos tardios de impacto permanente tais como: danos a órgãos, convulsões, perda da audição, distúrbio de linguagem, dificuldade de aprendizagem, lesão cerebral, anormalidade motora, perdas de membros e distúrbios visuais.
Se você apresentar um dos sintomas, ou tiver dúvidas, procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência e peça para ser avaliado. Vamos agir para derrotar esta doença!