Grande Curitiba

Vigilância em saúde ambiental orienta o que fazer ao encontrar morcegos em área urbana de Campo Largo

Uma colônia de morcegos apareceu na Vila Elizabeth e a Divisão destaca que, apesar de não ser tão usual encontrar animais nessa situação, o comportamento deles indica que não há risco de transmissão de doenças
3 de agosto de 2023 às 17:25
(Foto: Thatiana Bueno / SMCSeTI)

COM ASSESSORIAS – A Prefeitura de Campo Largo, por meio do Departamento de Vigilância em Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde, informa que nas últimas semanas a sede administrativa recebeu a visita de uma colônia de morcegos do gênero Artibeus, que são animais frugívoros e estão se alimentando dos jerivás que circundam o local. Eles estavam em quatro animais, na copa de uma das araucárias, e no chão era possível ver rastros dos frutos de jerivá, indicando o motivo de estarem ali.

Essa espécie de morcego costuma ter colônias pequenas e gosta muito de se abrigar em copas de árvores, definindo seu abrigo diurno conforme a oferta de alimento e também devido às interações sociais. Presenciar animais nessa situação não é algo tão frequente, por isso a equipe da Divisão de Vigilância em Saúde Ambiental ressalta que encontrar morcegos durante o dia, em uma situação similar a essa, pode ser normal e não significa que os animais estejam doentes.

Quem os identificou foi a bióloga da Divisão, Virgínia Prado, e segundo ela, “situações como essa não indicam qualquer risco, visto que é apenas o comportamento natural da espécie. Não se deve mexer nesses animais, nem tentar tirá-los dali, pois os morcegos são protegidos por leis ambientais e essa espécie encontrada é extremamente importante para a dispersão de sementes. Não podemos esquecer que, assim como os outros mamíferos silvestres, os morcegos podem transmitir o vírus da raiva, quando infectados. E não tocar nesses animais é uma das principais formas de evitar a transmissão”.

Balanço casos de raiva em Campo Largo – No ano de 2023, a Divisão de Vigilância em Saúde Ambiental enviou 19 quirópteros (morcegos) ao Laboratório Central do Estado do Paraná (Lacen) para investigação de raiva. Destes, três animais foram positivos para a presença de vírus rábico. Um total de 16% de positividade das amostras enviadas. Os casos aconteceram em localidades distintas e distantes uma das outras: Vila Elizabeth, Jardim Bela Vista e Jardim das Acácias. Nas três situações, a equipe abriu raios no entorno do local onde os animais foram encontrados, para orientação da população e busca de novos quirópteros que possam ter aparecido, conforme protocolo.

A raiva é uma zoonose de grande relevância devido à alta letalidade do vírus. “Qualquer hospedeiro mamífero que se infecte vem a óbito, uma vez que o vírus se instala no sistema nervoso central e causa a degradação dos neurônios, levando a quadros de dificuldade motora, dor intensa, dificuldade de deglutir, entre outros sintomas.

É importante observar que os animais com raiva, por estarem sentindo tudo isso, apresentam um comportamento bem diferente do usual”, lembra a bióloga. E esse mesmo protocolo de pós-exposição antirrábico segue os critérios preestabelecidos pelo Ministério da Saúde (que considera o risco real de transmissão) e é válido para cães e gatos também.

Em casos de acidentes com os animais domésticos – cães e gatos (situações de mordedura), além de buscar o atendimento na Unidade de Pronto Atendimento ou na Unidade de Saúde de referência, outra prioridade é, a partir das características do acidente e do animal agressor, a observação do animal causador do acidente, pelo período de dez dias. A partir disso se define qual protocolo aplicar (vacinal, vacina e soroterapia, ou apenas tratamento da lesão). Todos os casos são notificados pelos profissionais que prestaram o atendimento e são monitorados posteriormente pela Vigilância em Saúde.

Caso você encontre um morcego em situação anormal (caído no chão ou voando durante o dia), ou morto, não toque no animal, e impeça o contato de outros animais com o morcego também. O ideal é apenas colocar um balde sobre ele e, em seguida, entrar em contato com a Vigilância em Saúde para o recolhimento. Mantenha o lugar fechado até a equipe chegar.

Atenção: A transmissão do vírus só ocorre no contato direto do animal infectado com outro saudável. Sendo assim, é imprescindível evitar o contato com mamíferos silvestres, mortos ou não. Virgínia pontua que não há transmissão por fômites (por exemplo, objetos contaminados), o que dificulta o contato com o vírus. Também é importante salientar, que o animal infectado passa a transmitir cerca de dois dias antes de manifestar sintomas, e em menos de dez dias depois ele já vem a óbito.

Outra forma de prevenção da raiva é manter a vacinação em dia, tanto dos animais de estimação quanto dos animais de produção, o que forma uma barreira sanitária e reduz a possibilidade de transmissão da grave doença aqui no município. Já o cronograma vacinal do humano não prevê a aplicação da vacina antirrábica de forma preventiva, uma vez que ela é usada como parte do tratamento, após uma possível exposição ao vírus, e deve ser usada com cuidado. Virgínia Prado alerta que “não é indicado o uso frequente nas pessoas da vacinação e soroterapia antirrábicas, pois são imunobiológicos e seu uso sem critérios pode causar sérias reações adversas. Por isso, aplicar o protocolo é fundamental”.

“Mamíferos podem se infectar e transmitir a raiva, mas eles também sofrem e morrem por ela, então não estigmatize, eles são vítimas também e animais extremamente importantes para o equilíbrio ecológico”, finaliza a bióloga.

Para mais esclarecimentos entre em contato com a Vigilância em Saúde no telefone (41) 3291-5116 ou pelo aplicativo de mensagens WhatsApp no número (41) 99515-0086.