Grande Curitiba

Servidoras deixam legado para a cidade antes da aposentadoria

7 de junho de 2021 às 15:30
(Foto: Hully Paiva/Luiz Costa)

COM ASSESSORIAS – No último dia de maio, a servidora Margareth Cristina Bolino, de 60 anos, cumpriu sua jornada de trabalho depois de 11.122 dias na Prefeitura de Curitiba. A psicóloga responsável pela coordenação do TelePaz, serviço gratuito de acolhimento emocional criado para o atendimento aos servidores e à população durante a pandemia da covid-19, se aposentou e, assim como os demais servidores que saem da ativa, deixou um legado aos colegas e aos curitibanos.

“Estou tranquila, feliz, concluí minha missão. Foi uma honra ser uma agente pública da Prefeitura por 30 anos”, resumiu a psicóloga da gerência de psicologia e serviço social do Departamento de Saúde Ocupacional da Secretaria de Administração e de Gestão de Pessoal.

Margareth adiou alguns meses o pedido de aposentadoria para que pudesse desenvolver seu último desafio como servidora municipal. O serviço de acolhimento emocional por telefone nasceu da urgência da pandemia.

“O projeto TelePaz foi discutido com a diretoria e com o secretário em poucos dias e em parceria com a Saúde. Foi estruturado na raça e foi uma experiência importante de troca entre os profissionais envolvidos. Sinto gratidão pelo trabalho desenvolvido em conjunto”, relata.

Ela lembra que um projeto dessa natureza envolve preceitos legais da profissão, aspectos éticos que precisam ser considerados.

“Fizemos a escuta e o acolhimento com contornos de contenção emocional no momento de ansiedade das pessoas”, explica.

Ela considera que sua versatilidade na carreira pública foi incentivo para novos desafios.

“Os projetos não vêm prontos. É tudo incerto, mas com boa vontade podemos criar, construir coisas novas, mesmo sendo um serviço público. Fui uma profissional de transição. Tive um perfil protagonista no trabalho assistencial e pedagógico”, detalha.

A psicóloga trabalhou em pastas que já não existem mais, como a Secretaria do Menor e a da Criança, onde esteve por 15 anos. “Era uma secretaria inovadora”, lembra.

Dedicou-se à Educação Infantil e, entre suas tarefas, fez a supervisão técnica das antigas creches municipais. Participou da transição da Educação Infantil para a Secretaria da Educação e ajudou a escrever as diretrizes da área.

Passou então a trabalhar na Saúde Ocupacional e lá se foram mais 15 anos. Por onde passou, Margareth esteve envolvida com a capacitação dos servidores. Também participou de iniciativas de prevenção ao estresse.

Aposentada, ela tem planos para cuidar da família, da shih-tzu Maria Eugênia, de 2 anos, e manter-se saudável. Quer voltar a estudar línguas estrangeiras, para ampliar seu repertório, e planeja ter mais tempo para fazer as coisas sem agenda fechada.

Missão com a cidade e a população

Assim como Margareth, a engenheira química Josiana Saquelli Koch, de 58 anos, deixou um importante e duradouro legado para a cidade de Curitiba. Ela integrou a equipe responsável pelo projeto da Pirâmide Solar da Caximba, que vai instalar painéis solares sobre o aterro desativado para o funcionamento de uma Unidade Geradora Fotovoltaica.

Antes de encerrar a carreira de quase 29 anos na Prefeitura, Josiana trabalhou em diversas áreas, sempre na Secretaria do Meio Ambiente. Ela começou na fiscalização, teve contato diário com as solicitações dos cidadãos de Curitiba, trabalhou no setor de licenciamento ambiental, na limpeza pública, na análise de projetos de licenciamento. Também foi superintendente da pasta, o que lhe deu uma visão ampla da secretaria.

“A cereja do bolo na vida profissional veio com o projeto das energias e o Plano de Ação Climática”, resume.

A experiência dos painéis fotovoltaicos começou na rodoviária, no Palácio 29 de Março, sede da Prefeitura, e em breve estará nos terminais Santa Cândida, Boqueirão e Pinheirinho. Tanto os painéis dos terminais quanto os do aterro ainda terão seus editais lançados.

“Como servidora pública, a gente se imbui do espírito de servir. Entendo que a gente tem uma missão com a cidade e com a população. Trabalhamos para construir a cidade que vivemos. Saí realizada”, disse a servidora aposentada há cinco meses, ao lembrar que os projetos entregues terão continuidade nas mãos de colegas.

Ela avalia que teve oportunidade e apoio para realizar o que pretendia nos desafios da sua carreira. Como cidadã, Josiana acompanha pelas redes sociais o que a Prefeitura faz.

“Como servidora aposentada, a gente ganha o papel de cidadã. Participei das recentes consultas públicas. As pessoas que estão na ativa, trabalhando na Prefeitura, precisam saber o que a população espera e quer. Por ter sido servidora pública, enxergo como isso é importante”, declara.

Enquanto planeja seu futuro depois da vacina contra o coronavírus, ela aproveita para cuidar de perto da família e colocar a leitura em dia. Biografias, divulgações científicas, ficção e não-ficção – Josiana lê de tudo. Ela e o marido agora poderão conciliar os tempos juntos. Ele, que morava parte da semana em São Paulo, vai ficar direto em Curitiba e também vai se aposentar.

Além do legado profissional, Josiana e Margareth fazem questão de lembrar que guardam amigos que fizeram durante sua carreira na Prefeitura de Curitiba.