Grande Curitiba

COM ASSESSORIAS – O trabalho por escala preenchendo as 24 horas por dia, em todos os dias do ano, faz com que os guardas municipais sejam os primeiros a chegar ao local e na hora em que são mais necessários. Duas das ocorrências mais representativas entre os guardas do núcleo Tatuquara, atendidas no último ano, representam bem essa realidade.

Eles foram os profissionais responsáveis por salvar um bebê de apenas 15 dias de vida vítima de um engasgamento, após se depararem com o pedido de socorro em meio às rondas nas proximidades do conjunto habitacional Terra Santa. Os guardas fizeram a manobra de Heimlich, para a desobstrução emergencial de vias aéreas do recém-nascido.

“Rapidamente levamos a criança com o responsável por ela até a UPA do Tatuquara e, no caminho, o bebê voltou a apresentar sinais de afogamento. Os procedimentos de socorro foram realizados incansavelmente até a chegada na emergência médica”, relembra o GM Caires.

Ajudar nos primeiros instantes de vida de um bebê também foi a missão de outra equipe de guardas do Tatuquara que, no mês de abril, fez um parto de emergência na Vila 29 de Outubro, no Caximba. “Não medimos esforços para garantir a dignidade e preservar a vida”, conta orgulhoso o guarda Reinaldo dos Santos.

A atitude dos guardas é ressaltada pelo administrador da Regional Tatuquara, Marcelo Ferraz. “Sem temer a responsabilidade, os guardas Reinaldo Santos, Antônio Oliveira e Marcos Alex Beleti prestaram apoio ao nascimento de um bebê. Temos orgulho desses valorosos homens e mulheres da nossa Guarda Municipal.”
Raio-x do Tatuquara

Com efetivo para atendimento a 80 postos de serviço da Prefeitura, áreas de ocupação irregular, parques, praças e terminal de ônibus, os guardas do Tatuquara trabalham numa região em desenvolvimento que tem recebido diversos investimentos da administração pública municipal nos últimos quatro anos e meio.

Pelas melhorias implementadas e ações recentes desenvolvidas na regional, a atuação conjunta com outros setores da Prefeitura é rotineira, conforme observa o chefe do núcleo Tatuquara da GM, inspetor Adelson Lopes. “Equipe das secretarias trabalham em sintonia com a Guarda Municipal visando o bom atendimento à população”, destaca ele, integrante da 1ª turma da corporação e que ao longo da carreira atuou, entre outros setores, na Guarda Verde e no Grupo de Operações Especiais (GOE).

Memória

Mais do que as ocorrências, histórias vividas com colegas de trabalho, muitos dos quais se tornaram amigos próximos, são relembradas com carinho pelos guardas municipais. Para o supervisor José Luiz Dalla Villa, há 30 anos na Prefeitura (26 dos quais na GM), é impossível não lembrar do colega e amigo Ayrton Cesar Storer, também supervisor, falecido em dezembro de 2020. “Nos primeiros anos, todos os guardas trabalhavam na região central e, depois de um tempo, eram designados para os núcleos”, conta Dalla Villa.

“Quando chegou a minha vez, fui chamado para ser motorista do Storer e o comentário geral era de que, de todas as pessoas com quem eu podia trabalhar, eu estava com o mais azarado. Não deu outra. Mal pisei no núcleo e, cinco minutos depois, chegou uma ocorrência”, acrescenta.

A missão era atender um acidente de trânsito com carro capotado no cruzamento das ruas Ourizona e David Towns. “É um local por onde até hoje passo quase todos os dias. As ruas ainda eram de terra e os acidentes eram frequentes de pessoas que se perdiam nas ruas do bairro, que ainda estava em formação entre os anos de 1998 e 1999”, recorda o supervisor.

A lembrança mais vívida foi da rapidez com que se deu o entrosamento entre os dois. “Sem me conhecer, Storer me ensinou tudo o que eu tinha que fazer e como poderíamos prestar o socorro da forma mais ágil. Desde aquela primeira situação, se consolidou uma parceria na qual bastava um olhar para o outro para saber o que precisava sei feito na sequência”, compartilha.

A sintonia continuava em momentos de folga. Depois de muitos anos, quando passeava com a família pela Rua Francisco Derosso, no Xaxim, Dalla Villa se deparou com um jovem atropelado. “Parei instintivamente o carro, comecei a fazer a contenção da vítima e vi o Storer que, também de folga e passando pelo local, havia parado para ajudar a vítima. Não trocamos uma palavra: ele assumiu o atendimento à vítima enquanto eu sinalizava o trânsito e acionava a ambulância”, relata. Anos depois, a amizade valeu um convite para que Storer fosse padrinho de casamento de Dalla Villa.

Ajudas diversas

Apoios a cidadãos desorientados, a idosos que se perdem e até mesmo a tentativas de suicídio causam bastante impacto na rotina dos guardas do núcleo Tatuquara. Com 28 anos na corporação, o guarda Francisco de Assis Cristino se emociona ao compartilhar uma ocorrência recente.

“Recebemos diretamente no núcleo uma ligação pedindo ajuda de uma senhora para uma amiga, na Vila Caiuá, que teria dado a entender que cometeria suicídio. Desesperada, pediu apoio até que ela chegasse ao local”, lembra ele.

Com o guarda Jean Fagundes, Cristino foi até o condomínio indicado pela solicitante, onde conversaram com os vizinhos e a vítima não atendia aos chamados na porta. Segundo o guarda, foi um processo demorado de convencimento até que ela aceitasse recebê-los, ainda muito desorientada pelos medicamentos que havia tomado. Pela gravidade da situação, o deslocamento da paciente para atendimento médico foi feito com a própria viatura.

“Não tem dinheiro no mundo que pague quando você ajuda alguém. Basta a sensação de dever cumprido. Estamos aí para servir e espero ter a oportunidade de ajudar mais pessoas até a aposentadoria”, acrescenta o guarda.