Grande Curitiba

Abrigo, higiene e alimentação: veja como funciona o acolhimento das pessoas em situação de rua

4 de agosto de 2021 às 10:55
(Foto: Ricardo Marajó/SMCS)

COM ASSESSORIAS – No inverno, quando as temperaturas caem e castigam a população, a abordagem social e o acolhimento para pessoas em situação de rua são os serviços da Prefeitura mais conhecidos dos curitibanos. Mas o atendimento a esse público vai muito além da oferta de proteção, pernoite e alimento.

Em Curitiba, quem está em situação de rua pode acessar 27 unidades de acolhimento, com capacidade para atender até 2.047 pessoas simultaneamente. Há casas de passagem, unidades de acolhimentos, hotéis sociais e república.

Todos têm diferentes características, de acordo com as necessidades e grau de autonomia dos abrigados, com exceção dos hotéis sociais que funcionam 24 horas, permitindo que a pessoa possa ficar permanentemente nas unidades, sem precisar voltar para as ruas.

Nesses espaços, os acolhidos encontram local para higiene, recebem roupas limpas, alimentação e podem dormir em camas com lençóis e fronhas lavados diariamente.

Em função da pandemia da covid-19, os abrigos adotam medidas para manter o distanciamento entre os usuários e todos recebem máscaras e têm acesso a álcool em gel.

Refeições nutritivas

Quem é atendido nos acolhimentos do município – oficiais e parceiros –, recebe diariamente café da manhã, almoço e jantar. Em algumas unidades, principalmente nas que acolhem idosos e pessoas com deficiência, há ainda um reforço com lanche da tarde. Todas as refeições seguem cardápios preparados e acompanhados por nutricionista para garantir o equilíbrio, a variedade e a qualidade dos alimentos.

As pessoas em situação de rua podem acessar as casas de passagem para dormir, fazer a higiene e se alimentar, mas o objetivo do município é que se vinculem gradativamente aos demais serviços da rede socioassistencial e outras políticas públicas e, finalmente, consigam sair das ruas.

Nas UAIs, hotéis e repúblicas, elas são acompanhadas pelas equipes técnicas que preparam planos individuais para que possam traçar novos objetivos na promoção da autonomia e da superação das vulnerabilidades.

A pandemia restringiu muitas atividades que eram desenvolvidas para essa população, como cursos para qualificação profissional, sessões de cinema e oficinas de artesanato, mas, mesmo assim, em algumas unidades os acolhidos continuam a ter atividades on-line, onde aprendem a fazer currículo e como se comportar em uma entrevista de emprego.

“O acolhimento institucional é apenas um dos serviços que a Prefeitura oferece. Buscamos apoiar as pessoas atendidas para que façam novos planos de vida e tenham suas vidas transformadas. Conhecer as histórias de vida e as habilidades de cada um nos ajuda a apoiá-las nesse sentido”, diz o presidente da Fundação de Ação Social (FAS), Fabiano Vilaruel.

Um dos motivos de comemoração para as equipes está no restabelecimento dos vínculos famílias, completa Vilaruel. “A família é fundamental para que o resgate social seja realizado por completo.”

Consultório na Rua

Além da assistência social, os acolhidos são encaminhados para serviços de outras políticas públicas, dependendo da necessidade de cada um. Entre eles, atendimento em unidades de saúde e Centros de Atendimento Psicossocial (Caps), além de confecção de documentos.

Ainda na área da Saúde, a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba oferece o Consultório na Rua, que atende diretamente essa população nas ruas e praças da cidade. O atendimento é feito por uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, dentistas, assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros e auxiliares. Além de consultas médicas, testes rápidos, ações preventivas e encaminhamento para exames, o serviço realiza campanhas de vacinação, como contra a gripe e a covid-19.

Lâmina de barbear e absorvente

Em todas as unidades de acolhimento do município os usuários têm acesso a banheiro e chuveiro com água quente. Todos recebem kits de higiene que contêm toalhas de banho, sabonete, xampu, escova e pasta de dentes. Para os homens há ainda lâmina de barbear e para as mulheres absorventes, itens que também são oferecidos na Central de Encaminhamento Social 24 Horas, no Centro.

Na Unidade de Acolhimento Institucional Boqueirão, que acolhe até 40 homens em situação de rua, as toalhas foram cuidadosamente bordadas com o símbolo da casa (UAI BQ) e com o número das camas, para que não ocorra troca das peças, segundo a supervisora do Núcleo da FAS na Regional Boqueirão, Zeila Plath Oliveira da Silva.

Nesta mesma unidade, todos os usuários possuem camas e armários individuais para que possam guardar roupas e objetos pessoais.