Grande Curitiba

Frente parlamentar e Executivo debatem segurança alimentar

Agricultura urbana e fome nortearam reunião com a Secretaria de Segurança Alimentar
21 de junho de 2022 às 12:27
(Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Em reunião nesta segunda-feira (20), logo após a sessão plenária, a Frente Parlamentar da Segurança Alimentar e Nutricional da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) recebeu o secretário Luiz Gusi para debate sobre as políticas públicas da capital para a área. Um dos destaques da apresentação foi a agricultura urbana. A partir dela, frisou o titular da Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, “a gente consegue mostrar todo o ciclo de alimento”.

A pedido da presidente da frente parlamentar, a vereadora Professora Josete (PT), Gusi falou um pouco mais sobre a Fazenda Urbana do Cajuru, que nesta sexta-feira (24) completará dois anos. Com foco educacional, o projeto foi inaugurado como o primeiro espaço no país para divulgar a agricultura urbana e a organização comunitária como base no ciclo do alimento. Segundo o convidado, a ideia surgiu a partir do aumento da demanda na área e da concepção de uma cidade inteligente.

“A comida do futuro é periurbana”, acrescentou o diretor do Departamento de Estratégias de Segurança Alimentar e Nutricional, Felipe Thiago de Jesus, que também participou da reunião. De acordo com ele, que é o vice-presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, as hortas comunitárias são uma tendência mundial. O servidor também afirmou que a agricultura urbana como ferramenta de segurança alimentar é uma das principais linhas de ação estratégica da pasta.

A problemática da segurança alimentar, explicou Jesus, baseia-se sobre cinco eixos: alto índice de desperdício de alimentos; aumento do sobrepeso da população; consumo de alimentos ultraprocessados; população em extrema vulnerabilidade social com irregularidade no acesso à alimentação adequada; e modelo agropredominante da Região Metropolitana de Curitiba não sustentável. “Essas são nossas grandes dores, para as quais a gente desenvolve políticas públicas”.

O diretor também falou da implantação da Fazenda Urbana do CIC, quase três vezes maior que a do Cajuru e cujo viés é a sustentabilidade. Na sequência é que se deve discutir o projeto do Tatuquara, com foco em ações voltadas ao esporte, ao lazer e à juventude.

No debate com os convidados, Professora Josete perguntou por que foram escolhidos o CIC e o Tatuquara para a implantação das novas unidades da Fazenda Urbana. Conforme Gusi, a proposta foi justamente concentrar os espaços na região sul da cidade, que tem os índices mais altos de insegurança alimentar. “A primeira fazenda tem um viés, é um laboratório. A segunda fazenda, ela amplia essas possibilidades. E a gente tem um terceiro viés, que é a complementação de trabalhar o esporte, o lazer e a qualidade de vida”, declarou o secretário.

Já o vice-presidente da Frente Parlamentar da Segurança Alimentar e Nutricional, Nori Seto (PP), pediu mais informações sobre os cursos da Escola de Segurança Alimentar, que funciona dentro do Mesa Solidária e recentemente formou a primeira turma. Conforme o diretor do Departamento de Estratégias de Segurança Alimentar, a parceria atual prevê atividades até novembro, e as inscrições são divulgadas no site da Prefeitura de Curitiba.

“A fome tem pressa”, comentou Noemia Rocha (MDB) durante o espaço para questionamentos aos convidados. Em resposta à vereadora, Gusi pontuou que a agricultura urbana é abrangente e também contempla as espécies frutíferas. “Lembrando que recentemente, no Bairro Novo, nós inauguramos a primeira agricultura urbana regenerativa na cidade”, completou Jesus sobre a recuperação da beira de rio com o plantio de 250 mudas de árvores frutíferas.

Mapa da Fome

Outros temas surgiram no debate com os vereadores. Em resposta a questionamento de Herivelto Oliveira (Cidadania) sobre o Mapa da Fome, Gusi defendeu a “musculatura” da Prefeitura de Curitiba. O secretário, no entanto, confirmou o impacto da pandemia da covid-19 para o aumento das famílias abaixo da linha da pobreza.

Antes da pandemia, disse Professora Josete, Curitiba tinha 36 mil famílias abaixo da linha da pobreza. Já uma pesquisa recentemente divulgada, segundo a presidente da frente parlamentar, indica que 70% da população, na Região Sul, está em segurança alimentar; enquanto para cerca de 16% a situação é de insegurança leve; outros 3,5%, insegurança moderada; e 10%, de insegurança grave. “É esse os dados que vocês têm para Curitiba? Só para a gente ter noção dos impactos da pandemia”, indagou.

“Os números aqui são um pouquinho menos impactantes”, disse Gusi. Em sua avaliação, Curitiba e os municípios vizinhos precisam ser resilientes “para poder dar respostas a sua população, para que a gente aumente os números da segurança alimentar”. No pós-pandemia, indicou o representante do Executivo, muitas estatísticas, da fome ao sobrepeso da população, precisam ser “recalibradas”.

Ao vereador Oscalino do Povo (PP), que perguntou sobre os impactos do clima, como o frio extremo, nas ações em segurança alimentar, o secretário disse que “o olhar estratégico” leva em consideração, na verdade, o aquecimento global. De Flávia Francischini (União), a indagação foi sobre a realização de estudos relacionados à alimentação da pessoa com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), como sobre o impacto do consumo de glúten.

“O universo da segurança alimentar é muito amplo”, ponderou Luiz Gusi. Por isso, em sua avaliação, é necessário ampliar cada vez mais as discussões sobre o tema, inclusive as atividades in loco. Jesus também defendeu a importância do debate para fortalecer as políticas de segurança alimentar em Curitiba.

Fonte: Câmara Municipal de Curitiba