Grande Curitiba

Imigração japonesa no Brasil completa 116 anos e é celebrada na Câmara Municipal de Curitiba

Iniciativa do vereador Nori Seto homenageou 33 entidades representativas da comunidade japonesa em Curitiba, em alusão à presença nipônica no Brasil
19 de junho de 2024 às 16:03
(Foto: Carlos Costa/CMC)

Nesta terça-feira (18), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) promoveu uma sessão solene para homenagear a passagem dos 116 anos da Imigração Japonesa no Brasil. A iniciativa foi do vereador Nori Seto (PP), que também presidiu a solenidade.

Compuseram a mesa: vereador Nori Seto, propositor da homenagem; Misaki Shoji, vice-cônsul cultural do Consulado Geral do Japão em Curitiba; deputada estadual Maria Victoria; Rui Hara, ex-vereador; Roberto Yosida, presidente do Conselho Deliberativo da Associação Cultural e Beneficente Nipo-Brasileira de Curitiba (Nikkei Curitiba); e Gabriela Navarro, representando a Assessoria de Relações Internacionais da Prefeitura de Curitiba.

Imigrantes japoneses foram verdadeiros samurais

O vereador Nori Seto iniciou sua saudação declarando ser uma honra receber tantos amigos e amigas na sessão solene que celebra os 116 anos da Imigração Japonesa no Brasil. “Eu tenho um orgulho muito grande de ser o representante da comunidade nipo-brasileira de Curitiba na Câmara. Acredito que, além de elaborar leis e de fiscalizar os atos do Executivo, também cabe aos vereadores reconhecer e valorizar as pessoas, entidades que fizeram e fazem a diferença em nossa cidade”, disse. Seto lembrou, que há 116 anos, no dia 18 de junho de 1908, 781 imigrantes japoneses desembarcaram no porto de Santos, após uma viagem de 12 mil milhas náuticas (mais de 22 mil km), que durou 52 dias à bordo do navio Kasato Maru.

De acordo com ele, já havia japoneses morando no Brasil naquele momento, mas foi após esse evento que o fluxo de imigrantes se tornou contínuo, o que determinou a escolha do dia 18 de junho para marcar o início da imigração nipônica. “Vieram estimulados pela propaganda que o Brasil era uma espécie de Eldorado e que todos retornariam ricos após alguns anos trabalhando nos cafezais, mas não demoraram a perceber que o enriquecimento rápido era um sonho”, disse Seto.

O vereador lembrou que os primeiros imigrantes tiveram de lidar com as diferenças de idioma, cultura, costumes, alimentação, clima e até doenças. “Foram tempos de trabalho árduo e condições precárias, mas os japoneses que se instalaram no Brasil naquele momento tiveram disciplina e perseverança. “Eles tinham em mente o ditado japonês segundo o qual ‘se cair sete vezes, levante-se oito’. Eles foram verdadeiros samurais e, durante a Segunda Guerra, enfrentaram discriminação, em virtude do alinhamento do Japão com as forças do Eixo.”

Imin Matsuri e Haru Matsuri

Ainda segundo Nori Seto, com o fim do conflito, os imigrantes resolveram se fixar no Brasil e, com muito esforço, conseguiram comprar terras e abrir comércios. Conforme o parlamentar, os imigrantes apostaram na educação, mandando seus filhos para escolas brasileiras, enquanto os mais velhos trabalhavam para que os mais novos pudessem estudar. “Na década de 1960, aumentou o número de japoneses nas universidades. Eles sexta geração, são 2 milhões [de imigrantes japoneses], sendo 200 mil no Paraná e 50 mil em Curitiba. Trata-se da maior população nipônica fora do Japão. Foram homens e mulheres que formaram a base de uma comunidade respeitada. Ser nikkei virou símbolo de credibilidade”, ressaltou.

Cláudio Seto, desenhista e pai do vereador Nori Seto, foi um dos criadores do Imin Matsuri, em 1991. Naquele mesmo ano, Rui Hara havia assumido a presidência do Nikkei Curitiba. A festividade foi criada para celebrar a chegada dos imigrantes ao Brasil. Em setembro do mesmo ano, foi criado o Haru Matsuri, um evento maior para reverenciar a chegada da primavera. Atualmente, de acordo com Seto, o evento conta com a participação de 1,8 mil voluntários.

“Os dois festivais Matsuris foram criados para celebrar a presença japonesa no Brasil e já entraram para a história de nossa cidade. Tomaram uma dimensão tão grande que deixaram de ser festas dos imigrantes japoneses para se tornarem festas de todos os curitibanos”, disse o vereador. “Que a coragem dos imigrantes que aqui chegaram em 1908 continue a inspirar nossas vidas”, encerrou Seto.

Pouca bagagem, sonhos imensos

A deputada Maria Victoria disse ser uma alegria imensa representar a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) nesta homenagem aos 116 anos da Imigração Japonesa promovida pela Câmara Municipal. “É um momento de festa, para recordar o passado e celebrar as contribuições dos imigrantes, especialmente no Paraná e em Curitiba. Uma homenagem para celebrar o respeito pela cultura nikkei e pela história dos imigrantes que vieram com pouca bagagem, mas com sonhos imensos”, disse a deputada.

Victoria foi uma das autoras da lei que estabeleceu no Paraná o roteiro turístico da imigração japonesa (lei estadual 21.433/2023). “O objetivo da lei é integrar as cidades que cultivam as tradições nipônicas, ampliando e desenvolvendo atividades culturais e turísticas que fomentam renda emprego no estado”, disse a deputada. Ela enfatizou a grande influência dos imigrantes japoneses no comércio, na culinária. “Mas quero focar nos valores cultivados por esta comunidade: respeito, disciplina e espírito comunitário”, concluiu a parlamentar.

A comunidade nikkei é sólida e próspera no Brasil

A vice-cônsul cultural do Consulado Geral do Japão em Curitiba agradeceu o convite para a homenagem e manifestou seus sentimentos sobre a alma dos pioneiros já falecidos. “Comemoramos os 116 anos da imigração no país e, nesse período, seus descendentes se estabeleceram e mostraram virtudes valorosas tais como diligência e honestidade. A comunidade nikkei é sólida e próspera no Brasil”, disse Misaki Shoji.

Gabriela Navarro, representando a Assessoria de Relações Internacionais da Prefeitura, expressou a importância desta homenagem e dos festivais Matsuri não apenas para a comunidade japonesa, mas para toda a cidade. “Ao longo de mais de um século, esta comunidade tem sido um pilar essencial. Suas marcas são notadas na arquitetura, nas artes, na gastronomia e nas festividades que enriquecem nosso calendário cultural.

Sessão Solene 116 Anos da Imigração Japonesa no Brasil

Homenageados

Associação Cultural Esportiva e Beneficente Glória Parque Verde (Central Glória)

Associação Cultural de Ikebana Ohara-Ryu de Curitiba

Associação Cultural e Esportiva Pinheiros

Associação Cultural e Beneficente Nipo-Brasileira de Curitiba (Nikkei Curitiba)

Memorial da Imigração Japonesa da Praça do Japão

Casa de Estudante Nipo Brasileira de Curitiba (Cenibrac)

Curso Bunkyô de Língua Japonesa de Curitiba

Associação de Kendô de Curitiba

Associação Paranaense de Ex-Bolsistas Brasil Japão (Apaex)

Associação Okinawa-Kenjin de Curitiba

Grupo Ryukyu Koku Matsuri Daiko – Filial Curitiba

Grupo Takaryu Hananokai do Brasil – Filial Curitiba

Associação Religiosa Budista Sul Brasil – Templo Higashi Honganji de Curitiba (Fujinkai)

Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Japão do Paraná (CCIBJ-PR)

Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Japão Júnior do Paraná (CCIBJ-Jr)

Rede Nikkei do Paraná – REN Paraná

Círculo Católico Estrela da Manhã – CCEM

Consulado Geral do Japão em Curitiba

Curitiba Tênis Clube – CTC

Handa Origami

Instituto Paranaense de Ikebana Ikenobo América do Sul

Igreja Evangélica Holiness de Curitiba

Igreja Tenrikyo de Curitiba

Ishiyama Bonsai

Konkokyo Curitiba Hiromae

Kyudo Kai Curitiba

Lar Santa Mãe Junshin da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria de Nagasaki

Seicho-no-ie do Brasil – Regional Paraná 5 – Curitiba

Shinobi

Templo Budista Jodoshu Nippakuji de Curitiba

Templo Budista Nishi Hongwanji de Curitiba

Templo Nyorenji do Budismo Primordial HBS em Curitiba

União dos Gakusseis de Curitiba (UGC)

Fonte: Câmara Municipal de Curitiba