Vereadores de Curitiba sabatinam Urbs sobre nova licitação do transporte

Durante a sessão plenária desta segunda-feira (11), o novo modelo de concessão do transporte coletivo foi apresentado pelo presidente da Urbs (Urbanização de Curitiba), Ogeny Pedro Maia Neto. Entre as principais mudanças previstas estão a ampliação da integração temporal em mais pontos de parada, a criação de cinco novas linhas, ajustes em outras 30 e o reforço de 41 ônibus nas rotas mais movimentadas, incluindo 13 biarticulados. O plano também prevê a compra de 245 ônibus elétricos nos primeiros cinco anos, a substituição de 149 veículos a diesel por modelos menos poluentes e a instalação de ar-condicionado nos novos coletivos, exceto nos modelos comuns e nos micro-ônibus.
A proposta estima R$ 3,9 bilhões em investimentos ao longo de 15 anos, sendo R$ 2,6 bilhões aplicados até o quinto ano. A maior parte dos recursos será destinada à frota elétrica, enquanto o restante financiará baterias, carregadores, dois eletropostos públicos, 12 novas estações-tubo e sistemas de contagem de embarques e desembarques. A manutenção das estações passará a ser responsabilidade das concessionárias, e os investimentos contarão com financiamento de pouco mais de R$ 1 bilhão, obtido por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do banco alemão Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW).
Após a explanação do novo modelo de concessão, a sessão foi aberta para que os 38 vereadores e vereadoras da cidade fizessem questionamentos ao convidado sobre o tema. Do total, 18 se inscreveram, levando a um debate que ocupou duas das três horas regimentais da sessão plenária. Representantes das bancadas de oposição e do governo se revezaram nas perguntas feitas a Ogeny Maia Neto.
A vereadora Vanda de Assis (PT) indagou por que o estudo elaborado pelo BNDES é sigiloso e se as empresas receberiam mesmo com ônibus vazios. O presidente da Urbs explicou que o contrato permanece reservado até a publicação oficial e que esta foi a primeira apresentação pública do modelo, após a qual serão abertas consultas populares. Acrescentou que os cálculos são complexos, envolvendo 1.200 ônibus em operação, 250 linhas e cerca de 14 mil viagens diárias, e garantiu que todo o material será divulgado na consulta pública.
Já Renan Ceschin (Pode) questionou sobre mudanças na gestão e validade dos créditos do transporte coletivo, diante das reclamações dos usuários. O gestor detalhou a composição das receitas do sistema e disse que a prescrição dos créditos, aprovada em 2019 pela própria Câmara de Curitiba, foi necessária para evitar desequilíbrios financeiros no Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC).
Líder da oposição na CMC, Giorgia Prates – Mandata Preta (PT) quis saber se é possível reduzir a tarifa técnica e se há estudos para implantar a tarifa zero. Ogeny Maia Neto afirmou que a redução da tarifa é meta constante da gestão e explicou que ajustes mensais já são feitos para refletir as diminuições de custos. Defendeu que a União assuma o pagamento das gratuidades que instituiu, o que poderia baratear a passagem, e lembrou que a tarifa zero já é aplicada a pessoas com deficiência, idosos e a quem busca emprego.
Indiara Barbosa (Novo) abordou a prevenção de acidentes com ônibus, citando uma colisão recente entre um biarticulado e um trem. O convidado comentou que a Prefeitura de Curitiba já solicitou ao Governo Federal a retirada da malha ferroviária do perímetro urbano, mas, enquanto isso não ocorre, estuda a instalação de cancelas, sirenes, luzes intermitentes e semáforos nos cruzamentos, cujo investimento deve chegar a R$ 50 milhões.
Laís Leão (PDT) avaliou positivamente os indicadores de qualidade e de integração temporal, mas levantou dúvidas sobre o período máximo da concessão do sistema, o descarte de baterias e a transparência na elaboração do edital. O presidente disse que há modelo para calcular a influência do transporte metropolitano nos custos da capital e que a integração temporal será ampliada gradualmente. Por fim, Tico Kuzma (PSD) tratou do combate aos fura-catracas. O presidente relatou que, em 2025, a Urbs e a Guarda Municipal realizaram diversas operações educativas contra a prática e que barreiras físicas estão sendo instaladas em estações-tubo para coibir invasões ao sistema.
Também participaram do debate: Camilla Gonda (PSB), Carlise Kwiatkowski (PL), Delegada Tathiana Guzella (União), Guilherme Kilter (Novo), Jasson Goulart (Republicanos), João da 5 Irmãos (MDB), Marcos Vieira (PDT), Meri Martins (Republicanos), Professora Angela (PSOL), Rodrigo Marcial (Novo), Serginho do Posto (PSD) e Toninho da Farmácia (PSD).
Fonte: Câmara Municipal de Curitiba