Grande Curitiba

Número de acidentes no transporte coletivo de Curitiba teve queda de 35% de janeiro a agosto com novas iniciativas da Prefeitura

4 de setembro de 2025 às 11:41
Foto: Hully Paiva/SECOM (arquivo)

COM ASSESSORIAS – O número de acidentes envolvendo o transporte coletivo de Curitiba teve queda de 35% de janeiro a agosto de 2025 na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 637 registros nos primeiros oito meses de 2025, contra 973 na mesma base de comparação de 2024.

O levantamento, realizado pela Urbanização de Curitiba (Urbs), considera os boletins de ocorrência registrados pelas operadoras de ônibus envolvendo o transporte coletivo e ciclistas, pedestres, automóveis, motocicletas e veículos estacionados.

“A Prefeitura anunciou, neste ano, uma série de ações para evitar acidentes no transporte coletivo. Os números mostram que as iniciativas estão surtindo efeito. Neste ano, foi criada a Patrulha do Transporte Coletivo, sinalizados os pontos cegos nos veículos e sancionada a lei que coíbe a rabeira, que é praticada por ciclistas ao se apoiarem na traseira dos veículos para ganhar impulso. Mas o desafio permanece, que é reduzir ainda mais os números, com o compromisso do poder público fazer sua parte e a população respeitar as leis de trânsito e evitar condutas perigosas”, diz o presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs), Ogeny Pedro Maia Neto.

Na prática

Em maio, o prefeito Eduardo Pimentel lançou três medidas para evitar acidentes e aumentar a segurança no transporte coletivo. Foi criada a Patrulha do Transporte Coletivo, sancionada a Lei 16.525/25 – que está em fase de regulamentação e estabelece punição e multa para quem for flagrado pegando rabeira – e ainda apresentou uma nova funcionalidade no painel de controle dos ônibus, acionada pelos motoristas quando detectada a pratica da rabeira na traseira do veículo.

Além disso, os ônibus da categoria expresso, que circulam nas canaletas, onde a rabeira é mais comum, também estão recebendo adesivos no para-choque alertando para o perigo da prática. Com a mensagem “Próxima parada: pronto-socorro. Não pegue rabeira. Pegar rabeira dá multa de R$ 600 e pode levar à morte”, a proposta é promover a conscientização e diminuir o número de casos. Todos os 200 ônibus expressos articulados e biarticulados da capital vão circular com essa mensagem.

Ponto Cego

A Escola Pública de Trânsito ABC, da Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito (SMDT), tem realizado ações contínuas de educação e prevenção para reduzir o número de acidentes em vias exclusivas do transporte coletivo.

Uma das iniciativas mais importantes é a “Campanha Ponto Cego”, lançada em maio. Os ônibus do transporte coletivo foram adesivados com alertas, indicando as áreas ao redor do veículo (principalmente nas laterais e na traseira) onde o motorista tem baixa visibilidade. A quantidade de pontos cegos varia de seis a dez, dependendo do modelo do ônibus. No caso dos biarticulados, são dez.

De acordo com a diretora da Escola Pública de Trânsito ABC, Melissa Puertas Sampaio, através das campanhas, já foi possível obter resultados significativos. “Estamos reduzindo o número de sinistros em canaletas porque realizamos a sinalização dos pontos cegos. Hoje, as pessoas sabem onde não devem estar para serem vistas no trânsito”, explicou.

Ainda, foi realizada uma blitz educativa vivencial, a primeira do tipo no Brasil. Os cidadãos foram convidados a sentar na cadeira de um motorista de um ônibus biarticulado, para observar na prática os pontos cegos do veículo.

Canaletas

Do total de acidentes no transporte coletivo de janeiro a agosto, 24% foram registrados nas canaletas, segundo o levantamento da Urbs. Nos primeiros oito meses de 2025 foram 153 acidentes nas vias exclusivas, contra 200 no mesmo período do ano passado.

“Existe uma falsa ideia de que a canaleta é mais segura, o que faz com que as pessoas prefiram pedalar ou correr nesses espaços, mas isso não é verdade. O impacto de um ônibus expresso ou um biarticulado é brutal, mesmo em velocidade baixa. Nós controlamos a velocidade dos expressos a 30 km por hora nas saídas de terminais e em frente às escolas, porém, ao longo da canaleta eles podem chegar até 50 km por hora. Então, as pessoas precisam evitar andar, caminhar ou se exercitar nas canaletas”, diz o presidente da Urbs.

Os principais motivos de acidentes envolvendo pedestres e ciclistas e os ônibus na capital são a desatenção, causada principalmente pelo uso do celular ou fones de ouvido; atravessar a rua fora do local apropriado; e ações proibidas: caminhar, correr ou pedalar na canaleta e pegar “rabeira” nos veículos.

As canaletas exclusivas desempenham um papel fundamental na melhoria da mobilidade urbana, garantindo maior fluidez ao transporte público e contribuindo para a redução do congestionamento nas vias da cidade. No entanto, conforme estabelece o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), elas são exclusivas para os ônibus. Somente veículos que realizam atendimentos de emergência em saúde e segurança pública estão autorizados a circular por essas vias. Ou seja, caminhar, pedalar ou praticar esportes nas canaletas é proibido e bastante perigoso.

Tecnologia

Para tentar minimizar os riscos de acidentes, a Urbs reforçou o treinamento de direção defensiva para os motoristas. Além das ações permanentes de reciclagem, eles recebem capacitação especial, que envolve todas as operadoras de ônibus da cidade e os seus 2,8 mil motoristas em atividade. Os ônibus também são equipados com novas tecnologias de segurança, como a que garante redução automática da velocidade dos biarticulados quando próximos de locais de grande fluxo de pessoas, como shoppings, praças, escolas e hospitais. Os ônibus novos também possuem sistemas de frenagem mais eficientes.

Além disso, a Escola Pública de Trânsito ABC desenvolve ações e campanhas educativas periodicamente, com a distribuição de panfletos informativos para alertar ciclistas e pedestres sobre condutas perigosas no trânsito.