Campo Largo reforça rede de proteção às mulheres no Agosto Lilás

COM ASSESSORIAS – Sancionada em 7 de agosto de 2006, a Lei Federal nº 11.340, popularmente conhecida como Lei Maria da Penha, se tornou um marco no combate à violência contra as mulheres no Brasil. Contudo, o processo de conscientização da população ainda segue em desenvolvimento, e com um longo percurso a percorrer, se a base forem os últimos dados registrados no Brasil.
Segundo o anuário divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 1.492 mulheres foram vítimas de feminicídio apenas em 2024, uma média de quatro mortes por dia. Esse tipo de crime é diferente do homicídio por considerar a descriminação, dominação e violação de direitos na relação de gênero.
Uma das principais frentes para reverter este cenário é a conscientização dos agressores. Com a violência psicológica, patrimonial e moral sendo naturalizada, esses comportamentos abusivos precisam ser identificados e interrompidos. Justamente para ajudar nessa identificação que, em 2009, a médica mexicana Martha Alicia Tronco Rosas criou o Violentômetro, importante ferramenta que auxilia no reconhecimento de sinais de abuso e na prevenção a situações de risco.
Entenda – Sinalizando desde comportamentos menos agressivos até a violência psicológica e física, a criação da médica Rosas se assemelha a um termômetro, permitindo que não só as vítimas mas também familiares e amigos percebam a escalada da violência. Dividido por níveis de intensidade — representados por cores —, o Violentômetro aborda comportamentos, desde piadas ofensivas ou chantagens a proibições, empurrões, ameaças com armas, situações mais graves e até mesmo fatais.
Em Campo Largo as mulheres têm acesso ao Violentômetro nos eventos realizados pela Prefeitura, em equipamentos públicos de assistência social, ou pode baixar o arquivo digital clicando aqui.
Rede de apoio e assistência – Quando identificada a violência, para uma mulher se sentir segura para denunciar ela precisa do devido apoio psicológico, jurídico e social. No município essa ajuda pode ser solicitada de diversas maneiras, como o aplicativo 153 Cidadão, da Guarda Municipal (GM), disponível na App Store ou Google Play. Por ele denúncias podem ser feitas de forma anônima.
Também disponível 24 horas por dia, todos os dias da semana (inclusive finais de semana e feriados), está a Central de Atendimento à Mulher, que pode ser acionada pelo Disque 180 ou pelo WhatsApp (61) 9610-0180. Esse canal serve para denunciar qualquer pessoa, de qualquer lugar do país, um número gratuito, confidencial e anônimo.
O Disque 180 presta orientação sobre leis, direitos das mulheres e serviços da rede de atendimento. O canal também informa as localidades dos serviços especializados, registra denúncias e as encaminha aos órgãos competentes.
Outros pontos de apoio são o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) de Campo Largo, no telefone (41) 99793-0689 e o serviço de Atendimento à Mulher e ao Adolescente na 3ª Delegacia Regional de Polícia Civil, cujos números são (41) 3291-6109, (41) 32921202 ou (41) 3291-6100. O endereço é Rua Oswaldo Cruz, 1501, no centro de Campo Largo. No caso de emergências, a Polícia Militar deve ser acionada por meio do 190.
Botão do pânico – Voltado às mulheres que estão sob risco de violência doméstica e já possuem medidas protetivas, o botão do pânico é uma tecnologia concedida pela Guarda Municipal a pessoas em situação de risco iminente e ao ser acionado, envia um alerta à central de monitoramento.
Com mais de mil medidas protetivas em vigor em Campo Largo, atualmente 52 mulheres contam com suporte ao botão do pânico no município. O recurso é disponibilizado pelo aplicativo 153 Cidadão e, ao ser acionado, envia a geolocalização da vítima para a GM.
O comandante da Guarda Municipal, Marcos Leitão, explica que para ter acesso ao “botão Maria da Penha” a mulher precisa comparecer à delegacia de Polícia Civil, registrar a ocorrência e solicitar à autoridade policial a medida protetiva. Após a solicitação, o juiz emitirá um despacho indicando a pessoa a comparecer à sede da GM para se cadastrar no Programa Maria da Penha e assim, ativar seu dispositivo com a ferramenta.
“Independentemente de a vítima estar no programa, ou não, a qualquer momento ou necessidade ela pode acionar a GM, seja pelo app 153 Cidadão ou pelo telefone 153. Temos uma equipe para atendimento de qualquer situação”, ressalta Leitão.
O estado do Paraná oferece também a Patrulha Maria da Penha, que realiza visitas preventivas com base em boletins de ocorrência registrados pela Polícia Militar e Polícia Civil, ou após denúncias anônimas feitas pelo telefone 181 e site www.181.pr.gov.br.
Ações Agosto Lilás – Campo Largo adere novamente à campanha nacional de conscientização e, ao longo deste mês, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e da Mulher está promovendo diversas ações para reforçar a importância do respeito às mulheres.
A abertura do Agosto Lilás em Campo Largo aconteceu na tarde da última terça-feira (05), na Câmara de Vereadores, marcada por apresentações culturais e a palestra “Não se Cale”, ministrada por Cristiani Zuppa. Ela falou sobre a importância da conscientização e do acolhimento: “quanto mais a gente leva essas informações para as pessoas, mais as mulheres conseguem se fortalecer para poder ter a segurança de que vão ter o apoio necessário que precisam para denunciar,” declarou. “Nós precisamos, como sociedade civil, como poder público, como pessoas, estarmos preparados para acolher qualquer tipo de mulher que chegue até nós, mesmo que seja com informações. E hoje vemos que muita gente não sabe nem quais são os tipos de violência,” concluiu.
O mês terá diversas outras ações realizadas pela Secretaria Municipal e, para saber quando e onde elas acontecerão, continue acompanhando as redes sociais da Prefeitura de Campo Largo e as divulgações deste portal.