Campo Largo celebra inauguração da Reserva Natural do Alpinista Waldemar Niclevicz

COM ASSESSORIAS – Nesta quarta-feira, 12 de março, foi inaugurada a Reserva Natural do Alpinista (RNAWM), uma área de 116 hectares – dos quais 34 hectares formam a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Criada por Waldemar Niclevicz, o primeiro brasileiro a escalar o Everest, a área fica em Campo Largo e tem o objetivo de restaurar um remanescente da floresta com Araucária (ecossistema da Mata Atlântica), bem como reintroduzir abelhas nativas e proteger as nascentes do Rio Açungui, principal formador do Rio Ribeira de Iguape. Dentro da reserva localizada no Itambezinho está a confluência dos rios Açungui e Palmital.
Na inauguração estiveram presentes, entre convidados, o prefeito de Campo Largo, Mauricio Rivabem, a filha de Pelé, Flávia Arantes do Nascimento, o professor e pesquisador da UFPR, Flávio Zanetti, José Álvaro Carneiro, CEO do Complexo Pequeno Príncipe, Edson Petri, representante da Fundação Bigarella, Phil Klose, da Brazil’s Best Institute, Fabrício Castilho Haesbaert, chefe de Gabinete da presidência da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), e os secretários municipais Pedro Parolin Teixeira e Bohdan Metchko Filho (respectivamente, das pastas de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Agricultura e Pecuária).
Apesar de ambientalista desde os anos 80, depois de agradecer a todos os envolvidos que ajudaram de alguma forma no estabelecimento da RNAWN, o também aniversariante do dia comentou que ainda tem muito a aprender na área ambiental, uma paixão tão forte quanto o alpinismo. Na reserva idealizada por ele e sua esposa, Silvia Niclevicz, há a estrutura necessária para produção de mel, para receber visitas de alunos (de escolas públicas e privadas), e para o plantio de araucárias.
“Nosso principal propósito é a Educação Ambiental, pois eu e minha esposa queremos mudar o futuro. Nos baseamos em três pilares fundamentais: a restauração florestal, a proteção dos polinizadores (especialmente abelhas) para manutenção da biodiversidade, e a preservação de rios e nascentes. Animais se refugiam aqui, queremos promover uma vida realmente sustentável, e não queremos trilhar esse caminho sozinhos. Precisamos da ajuda de toda a sociedade. As pessoas pensam que a natureza é bicho e mato, e a maioria ainda não percebeu a gravidade da situação. A vida se tornará insustentável para os humanos, isso não sou eu que digo e sim pesquisadores sérios. Já não se usa mais o termo ‘ecochato’, pois hoje já se sabe que não era chatice”, disse Waldemar Niclevicz. Por isso sua intenção de dar visibilidade mundial à causa ambiental.
O prefeito de Campo Largo destacou o desafio de cuidar de um dos municípios mais extensos do Paraná, com 1.249 quilômetros quadrados de extensão territorial. Em outra conta, é como se tivesse 113 quilômetros em linha reta, somando 5 mil quilômetros de estradas de chão, pois boa parte é área de interior, com natureza diversa.
“Lembro de nossa primeira conversa há uns dois anos atrás, ele com o sonho de trazer algo diferente para nossa região. Sempre soubemos da importância dessa iniciativa, do que tem que ser feito. O que o Waldemar traz para nossa cidade é pioneiro, inovador, um espaço que fará uma enorme diferença. Ele já recebe nossos alunos da rede municipal de ensino, proporcionando às crianças vivências e conhecimento sobre o meio ambiente, sobre as abelhas, as araucárias, construindo conscientização dos pequenos”, destacou Mauricio Rivabem.
Como foi – Durante o evento, que contou com uma caminhada de mais de 2 quilômetros pela reserva, foi criado o Bosque de Araucárias Pelé, com o plantio simbólico feito por Flávia de uma muda de araucária (veja fotos na aba Mídias). Também o prefeito plantou uma das mudas. Neste bosque serão plantadas 30 árvores, em referência aos 30 anos da primeira escalada brasileira do Everest (realizada por Waldemar Niclevicz e Mozart Catão). Ela também entregou a Waldemar Niclevicz a bandeira da Restauração Ecológica (com o símbolo da araucária) que ele levará ao Everest. Lembrando que, em 1995, foi Pelé quem entregou a bandeira do Brasil que o alpinista levou ao cume.
Expedição – No dia 26 de março Waldemar Niclevicz inicia nova jornada para repetir a escalada, desta vez com a missão de levar ao topo do mundo a bandeira que representa a causa. A “Expedição 30 Anos do Brasil no Everest, em prol da Restauração Ecológica” conta com o patrocínio da Sanepar, Growth Supplements e Brazil’s Best Institute e acontece neste ano que marca o 30º aniversário da conquista brasileira do Everest. O companheiro de Niclevicz na escalada será o também paranaense Pedro Hauck. Além de celebrar o primeiro feito de 1995, o principal objetivo da expedição é engajar a sociedade na causa ambiental e combate à crise climática global.
Flávia Arantes do Nascimento, filha do icônico jogador Pelé, comentou da forma como seu pai transcende o futebol, com um legado de amor. “Tenho a honra de representar meu pai e posso dizer que, assim como ele, Waldemar é exemplo de força e resiliência.É o nosso Pelé do alpinismo. Eu tenho certeza absoluta do sucesso da expedição não só pela experiência dele como alpinista, mas por esse amor, respeito e investimento que ele tem com o meio ambiente, quem o conhece sabe. Ele e a natureza são uma coisa só”.
O CEO do Complexo Pequeno Príncipe, José Álvaro Carneiro, contou de quando conheceu o atleta, antes do feito de 1995, quando parecia loucura a subida até o cume do Everest. E ressaltou “o estado de espírito daqueles que andam em lugares quebrados, com concentração de diversidade, como as montanhas. Quem escala tem sensibilidade, não tem como não ser ao estar na natureza. É isso que estamos festejando também, esse combinado do atleta e do sensível ambientalista”.
Porque falar em restauração ecológica? – Até o século XIX, as florestas de araucária cobriam cerca de 200 mil quilômetros quadrados no Brasil, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Atualmente, estima-se que restam apenas 3% da área original da Floresta Ombrófila Mista (também chamada de Floresta com Araucária), e menos de 1% está bem conservada.
Esse cenário resulta de décadas de desmatamento da Mata Atlântica, bioma que hoje tem menos de 30% de sua cobertura original preservada. Um estudo publicado em 2019 na revista Global Change Biology alerta que, sem ações efetivas de conservação, a araucária pode ser extinta até 2070.
A Araucaria angustifolia, conhecida como Pinheiro-do-Paraná ou Pinheiro-do-Brasil, é uma espécie-chave para a restauração ecológica do sul do Brasil. Como árvore emergente e determinante na sucessão ecológica, sua presença possibilita a recuperação de áreas degradadas, criando condições de umidade e fertilidade que favorecem o desenvolvimento de outras espécies arbóreas. A Reserva Natural do Alpinista tem essa missão de restauração ecológica, com o plantio de araucárias e outras espécies nativas.
Fabrício Castilho Haesbaert, da Sanepar, transmitiu ao atleta o sentimento dos campo-larguenses: “Vai ser muito simbólico estar no topo do mundo com você, é um orgulho para todo o Paraná”. A empresa é patrocinadora da expedição ao Everest e destaque em Environmental, Social and Governance (ESG), uma abordagem que avalia as práticas de uma empresa em relação ao meio ambiente, às pessoas e à governança. Também foi eleita a melhor empresa de saneamento do mundo na ODS 6 da ONU, pela Global Water Summit 2024.