Grande Curitiba

Após perder o emprego, casal de Curitiba passa a vender óleo de cozinha usado: ‘O suficiente para sobreviver’

Ronaldo e Giselle percorrem as ruas da capital paranaense recolhendo o resíduo. Óleos de cozinha, vegetal e animal podem contaminar o meio ambiente por isso dever ser descartados em lugar específico; veja onde.
8 de julho de 2021 às 09:14
Giselle recolhe óleo com o marido Ronaldo pelas ruas de Curitiba. (Foto: Arquivo Pessoal)

A pandemia forçou um casal de Curitiba a buscar uma saída para continuar sustentando a casa. Ao ver que ficariam sem emprego, os dois encontraram a solução na venda de óleo de cozinha usado. Desde então, transformaram o dia-a-dia em uma verdadeira caça ao tesouro, de bairro em bairro.

Ronaldo Adriano Marins, 43 anos, é soldador. Giselle Adriana Pereira de Freitas Marins, 39, cozinheira. Com a pandemia, os dois ficaram sem emprego e foi a partir de uma dica de um amigo que tudo mudou no orçamento da casa.

“Um amigo que já fazia esse trabalho comentou com a gente sobre a reciclagem do óleo. Nós não tínhamos nem conhecimento sobre o assunto, mas ele disse que dava para faturar o suficiente para sobreviver. Entendemos que era o momento certo”, conta Ronaldo.

Segundo o homem, após uma breve pesquisa sobre o assunto, ele e a esposa perceberam que, além de melhorarem a condição financeira em casa, também estariam realizando um desejo antigo, o de ajudar de alguma forma o meio ambiente.

“Essa questão do meio ambiente sempre nos preocupou. Quando começamos a trabalhar com isso, encontramos também pessoas desesperadas, que não sabiam como jogar fora o óleo, se desfazer da forma correta. Tem gente que joga no ralo. Acabamos unindo o útil ao agradável”.

Há um ano percorrendo as ruas de Curitiba e região, Ronaldo disse que criou uma rota e anuncia a passagem por uma corneta. Por isso, não se assuste se você ouvir ‘o carro do óleo’ passando por sua rua.

“Ligamos a corneta com anúncio da coleta do óleo. Rodamos uma boa parte de Curitiba. Em boa parte dos dias nós saímos de casa por volta das 9h e voltamos à noite. Não saímos muito cedo para não incomodar, por causa da corneta, mas nosso sustento tem vindo do óleo”.

Destinação correta

O que Ronaldo e Giselle fazem é dar a destinação correta do óleo de cozinha, o óleo vegetal. Após recolher das casas e até de comércios como restaurantes, eles armazenam de forma segura e vendem o produto para uma empresa.

“Mais do que dar uma destinação correta, nós acabamos fazendo com que esse produto se transforme. O óleo vai para uma cooperativa, tudo legalizado, com as licenças ambientais, e vira o biodiesel. Cada litro de óleo se torna um litro de biodiesel”.

Em média, o casal recolhe aproximadamente 500 litros de óleo por dia. Por não terem grandes freguesias, ainda precisam percorrer longos trajetos e fazer ‘trabalho de formiguinha’ para conseguirem quantidades suficientes.

“Não recolhemos muito de restaurantes, por exemplo. Nosso trabalho é mais residencial, então não conseguimos recolher muito. É literalmente um trabalho de formiga, mas poderia ser maior, pois todo mundo precisa dar a destinação correta para o óleo”.

Transformação da renda

Após um ano trabalhando com o óleo vegetal, o casal começou também a recolher material reciclável. Ainda assim, como reforça Ronaldo, nada faz com que eles desistam do que ajudou a enfrentar o momento de crise.

“Tivemos algumas oportunidades de sair do óleo, até emprego registrado ofereceram pra gente já, mas não desistimos. Por enquanto, tem sido uma experiência muito boa. Além do mais, é um ganho garantido, sabemos que depende da gente”.

Segundo Ronaldo, perceber que conseguiu se reinventar e ainda ajudar a todos é a melhor parte.

“Para a gente é muito gratificante, você ver que as pessoas não sabiam o que fazer com o óleo, e nós acabamos ajudando. A gente também agradece, porque vem daí o nosso sustento. No final, nosso trabalho ajuda a fazer com que o óleo continue sendo útil, no caso”.

O casal atende pelo telefone (41) 99516-4994.

Fonte: G1