Grande Curitiba

Aposentada da Prefeitura de Curitiba encontra no trabalho artesanal o lazer da nova fase

10 de fevereiro de 2023 às 16:31
(Foto: Levy Ferreira/SMCS)

COM ASSESSORIAS – Muitas das bolachas produzidas por Maria Angela Kinelski Feder carregam um lembrete de como o doce foi feito: “com muito carinho.” As mesmas mãos que hoje cozinham, por anos, planejaram, prepararam materiais pedagógicos, ensinaram a estudantes do município.

Maria Angela é uma das servidoras que se aposentaram em fevereiro. Após 31 anos de carreira, com quase 51 de idade, ela relembra a trajetória recheada de boas recordações, comemora a conquista e renova sonhos e expectativas para o que ainda vai viver.

“Foi mais da metade da minha vida fazendo o que eu amava. Eu encerro a minha carreira realizada, com o sentimento de que cumpri a minha missão e contribuí para a educação de Curitiba” conta Maria Angela, que como servidora passou por seis escolas. A Dom Manuel da Silveira D´Elboux, no Hugo Lange, foi a sua segunda casa por 17 anos. Lá, foi de professora a vice-diretora e diretora.

Na escola Dom Manuel, no mesmo ano em que assumiu a direção, 2020, ela enfrentou a pandemia da covid-19. “Vim trabalhar na escola todos os dias, mesmo sem as crianças aqui. E a escola vazia funciona de maneira diferente. Que desafio! Ser diretora em um período como esse foi uma das partes mais difíceis da minha carreira.”

Do mesmo modo que cuidou para que os estudantes estivessem sendo atendidos nas suas necessidades pedagógicas, Maria Angela olhou com atenção os professores e servidores da unidade, muitas vezes abalados pela pandemia. “A gente fazia e entregava em casa pequenas lembranças nas datas comemorativas. Queríamos deixar todos próximos, mesmo estando longe. Acredito que isso tenha ajudado”, avalia.

Apesar dos momentos difíceis, ficam as lembranças e o carinho pelas pessoas que passaram pelo seu caminho. “Sou muito grata por todo esse percurso, principalmente pelas pessoas que tive ao meu entorno. A Prefeitura também sempre me deu recursos para me especializar e fazer o melhor em meu trabalho”, relata ao lembrar dos muitos cursos que fez.

Ao longo dos anos como professora municipal, ela construiu uma carreira digna de marcar histórias. “Foram muitas aventuras. Uma vez, chegamos a ir à praia e aquilo foi o máximo. Alunos da Educação de Jovens e Adultos, o EJA, já com 60, 65 anos, e uma turma do ensino fundamental, muitos deles conhecendo a praia pela primeira vez e mostrando aquele brilho no olhar, sabe? Até hoje recebo mensagens de carinho por momentos como esse”, conta.

Olhar diferente

A experiência mostrou à professora Maria Angela que cada aluno é diferente. “Quanta coisa mudou ao longo dos anos. Com o tempo, aprendemos que cada ser é diferente do outro e que não deve existir a comparação. Alguns precisam mais da gente. É preciso ter um olhar diferente para cada ser que está nas mãos da gente. Cada um no seu tempo e ritmo. Lidar com a inclusão nos ensinou muito”, argumenta.

Maria Angela relata que sempre buscou atividades que pudessem atrair os estudantes. Foi em uma de suas ‘invenções’, que ela colocou o amor pela cozinha dentro da escola. “Nós fizemos uma oficina de cozinhar bolinhos para ensinar medidas aos alunos. A gente preparava e já saía uma fornada para eles experimentarem. Foi incrível, me senti a Ana Maria Braga”, brinca.

Bolachas que acalmam

O gosto pela cozinha, alguns cursos de bolachas e a proximidade da etapa da aposentadoria fizeram com que a professora pudesse ingressar na nova fase com um propósito: fazer bolachas para vender.

“Cozinhar para mim é descansar a cabeça. Isso me relaxa, me acalma. Vou sentir falta da escola, mas poder descansar daquela rotina, cuidar mais de perto da minha mãe, aproveitar meu marido e fazer o que gosto sem compromisso de horário é um presente da aposentadoria”, resume.

As bolachas que começaram a ser produzidas em casa, divididas com amigos e na escola agora vão se transformar em fonte de renda e no lazer que motiva na nova etapa.