Câmara celebra os 115 anos de imigração japonesa
A Câmara Municipal de Curitiba realizou nesta segunda-feira (19) uma sessão solene em homenagem aos 115 anos da imigração japonesa no Brasil. A iniciativa da solenidade foi do vereador Nori Seto (PP) e teve como mestre de cerimônias Maria Helena Uyeda. Compuseram a mesa: vereador Nori Seto, proponente da homenagem; Keiji Hamada, cônsul-geral do Japão em Curitiba; Rodolpho Zannin Feijó, assessor de relações internacionais da Prefeitura de Curitiba, representando o prefeito Rafael Greca; Maria Victoria, deputada estadual; vereador Pastor Marciano Alves (Solidariedade); Laura Tamaru, representando o deputado federal Luiz Nishimori; Luiz Oyama, desembargador; e o fundador das farmácias Nissei, Sérgio Maeoka. Os presentes ouviram os hinos nacionais do Brasil e do Japão.
Também estiveram presentes: Yamaoka Kanon, vice-cônsul do Japão em Curitiba; Tadaaqui Hirose, desembargador federal e ex-presidente do TRF-4; Raphael Keiji, administrador regional da CIC; Cristiane Ueta, coordenadora de relações da província de Hyogo-Japão no Brasil; Sakae Tamura, presidente da Confederação Brasileira de Golfe 7; Antonio Borges dos Reis, ex-vereador; Miriam Yamashita, presidente da Associação Caminho do Vinho de São José dos Pinhais.
Saudação
O vereador Nori Seto, proponente da homenagem, lembrou que os primeiros imigrantes japoneses chegaram ao Brasil no dia 18 de junho de 1908. “Foram, ao todo, 781 japoneses que chegaram a este país com os olhos radiantes e com o sonho de um futuro melhor. Uma jornada difícil, mas, com o passar dos anos e por meio de muito trabalho, esforço, dedicação, superação resiliência, suor e lágrimas, conseguiram conquistar uma vida mais digna para suas famílias e contribuir para o desenvolvimento do Brasil”, disse o vereador. Ele esclareceu que o objetivo da solenidade não era somente o de celebrar esses imigrantes pioneiros, mas também exaltar instituições e pessoas que, em tempos modernos, contribuíram para a construção dessa história.
De acordo com o vereador, que é filho do desenhista Cláudio Seto, os japoneses começaram a se instalar em Curitiba no ano de 1912, mas, até 1941, a comunidade era ainda muito pequena. “Durante a Segunda-Guerra, a única sociedade de japoneses na cidade foi fechada pelo DOPS [Departamento de Ordem Política e Social] e, mesmo após 1945, os japoneses sentiam receio de se reunir para promover sua integração. Foram criados, posteriormente, o Tomonokai, o Uberaba Seinenkai, a Sociedade Esportiva Cultural e Beneficente Glória, em 1948, e também a União dos Gakusseis de Curitiba, em 1949”, disse o vereador. De acordo com ele, com o passar do tempo, outras entidades foram criadas e se tornaram pontos de difusão da cultura nipônica para todo o Brasil.
“Esta noite, a Câmara homenageia 33 dessas entidades, que exercem importante papel e mantêm vivas as tradições, sendo também instrumentos de transformação social. São 33 entidades, mas todas têm em comum a preservação dos valores herdados dos imigrantes pioneiros”, afirmou Nori Seto. Para ele, a homenagem também se aplica aos anônimos que passaram por essas entidades e que ajudaram a construir a comunidade japonesa em Curitiba. “Tenho orgulho de ser o representante da comunidade nipo-brasileira e, se estou vereador, é em função do apoio dessas entidades”, esclareceu o parlamentar.
Seto disse que Curitiba teve ao todo 9 vereadores de origem japonesa, sendo que 6 puderam comparecer ao evento. “Foram pessoas abnegadas que colocaram seus nomes à disposição para o ingresso na vida pública e trabalharam muito pelo desenvolvimento da cidade. Foram eles: Nobutero Matsuda, Hidekazu Takayama, Jorge Yamawaki, Julio Ando, Italo Tanaka e Rui Hara. Os ex-vereadores Professor Matsuda e Geraldo Yamada, bem como Cássio Taniguchi, o primeiro prefeito nikkei de uma capital brasileira, não puderam comparecer em virtude de compromissos anteriormente agendados”. Ele concluiu dizendo que a homenagem também foi realizada com o intuito de destacar os resultados das relações bilaterais e da colaboração entre o Brasil e o Japão.
Maria Victoria, deputada estadual, declarou ser uma honra representar a Assembleia Legislativa do Paraná na solenidade de celebração dos 115 anos de imigração japonesa no Brasil promovida pela Câmara. Ela agradeceu ao vereador Nori Seto, de quem é colega de sigla partidária, pela proposição da solenidade. A deputada frisou que Paraná e Japão estão unidos por laços profundos. “Meu avô, Silvio Barros Segundo, que foi prefeito de Maringá, assinou, em 1973, o acordo de convênio desta cidade com a cidade japonesa de Kakogawa. Foi o primeiro convênio desse gênero assinado no Paraná”, explicou ela.
De acordo com ela, 20% da população da cidade de Maringá é composta por nikkeis. “Seus antepassados se estabeleceram em nossa terra, se adaptaram e passaram a fazer parte da vida paranaense, enriquecendo-a na agricultura, na gastronomia, nos costumes, nos negócios, na cultura e em outros âmbitos”, disse ela. A deputada foi autora de um projeto na Assembleia que instituiu o roteiro turístico da cultura japonesa no Paraná (lei estadual 21.433/2023). O roteiro é composto pelas cidades de Curitiba, Maringá, Londrina, Paranaguá, Uraí, Açaí, Rolândia, Cambará, Apucarana, Paranavaí e Terra Boa. A deputada, que está grávida de 9 meses, garantiu que, se for possível, estará presente ao 31º Imin Matsuri, evento tradicional realizado pela comunidade japonesa.
Agradecimentos
O agradecimento foi proferido por Everson Takayama, presidente da Sociedade Cultural e Beneficente Nipo-Brasileira de Curitiba, entidade japonesa mais antiga estabelecida na cidade. Ele agradeceu a confiança e se disse orgulhoso em poder representar a comunidade japonesa. Ele esclareceu que os primeiros japoneses que aportaram no Brasil vieram impulsionados pela alta densidade demográfica daquele país e pela necessidade de mão de obra no Brasil. “Sonhavam com prosperidade e riqueza, e muitos tinham o objetivo de retornar ao Japão, mas o futuro lhes reservou algo especial. O hiato cultural era enorme e envolvia a gastronomia, a religião, a barreira linguística, o clima e as distâncias territoriais. Foi um árduo caminho percorrido com resiliência, sempre ligados à sua cultura de origem”, disse ele. Takayama ainda lembrou que o Brasil tem a a maior população de descendentes de japoneses fora do Japão.
Keiji Hamada, cônsul japonês no Brasil, disse que os imigrantes que aqui se estabeleceram mostraram virtudes valiosas, tais como diligência e honestidade, construindo uma comunidade nikkei sólida e próspera no Brasil. Para ele, é gratificante ver os nikkeis se desenvolvendo em várias atividades. “Agradeço à Câmara Municipal de Curitiba pelo apoio na organização dos eventos e desejo que haja um intercâmbio cada vez mais ativo entre as cidades de Curitiba e Himeji”, declarou. O cônsul garantiu que o consulado do Japão em Curitiba também continuará colaborando de todas as formas possíveis para que este vínculo prospere.
Honra e tradição
Também fez uso da palavra Rodolpho Feijó, assessor de relações internacionais da Prefeitura de Curitiba, representando o prefeito Rafael Greca. “Trago os cumprimentos da Prefeitura e o nosso respeito a essa história e à tradição de disciplina e honra que norteou a imigração japonesa no Brasil e no mundo”, afirmou o assessor. Ele lembrou que os primeiros imigrantes inicialmente se instalaram no bairro Uberaba e, depois, também nos bairros Campo Comprido e Santa Felicidade. “Hoje os japoneses estão não só em todos os bairro de Curitiba, como também na identidade da cidade. Hoje o Japão faz parte do que Curitiba é”, declarou.
Ele citou algumas ações da Prefeitura que reforçam os laços de Curitiba com o Japão, como a reforma da Praça do Japão, a inauguração da sala Himeji no Memorial de Curitiba, a instalação de uma estátua em homenagem à artista plástica Tomie Otahke, exposições de Ikebana no Jardim Botânico e exposições em diferentes espaços de Curitiba, sempre com apoio, frisou ele, do vereador Nori Seto e dos demais vereadores.
Feijó também destacou que os laços entre Brasil e Japão passam pela seara econômica. “Somente no ano passado, o Paraná exportou R$2,8 bilhões para o Japão, e Curitiba também faz parte desse processo. Curitiba e Japão vislumbram um futuro comum. “Na era da informação, queremos o ritmo da economia japonesa. É uma parceria que envolve honra e tradição, palavras que escreveram o passado e vão continuar sendo escritas no presente e no futuro”, finalizou.
Entidades homenageadas
Associação Cultural e Beneficente Nipo-Brasileira de Curitiba – Nikkei Curitiba; Associação Cultural Esportiva e Beneficente Glória Parque Verde; Associação Brasil Soka Gakkai Internacional – BSGI em Curitiba; Associação Curitibana de Beisebol e Softbol – ACBS; Associação Cultural e Esportiva Pinheiros; Associação Cultural de Ikebana Ohara-Ryu de Curitiba; Associação Fukuoka Sul do Paraná; Associação Paranaense de Ex-Bolsistas Japão – APAEX; Associação Park Golf de Curitiba; Círculo Católico Estrela da Manhã – CCEM Curitiba; Câmara do Comércio e Indústria Brasil Japão do Paraná – CCIBJ-PR; Câmara do Comércio e Indústria Brasil-Japão do Paraná Júnior; Casa do Estudante Nipo-Brasileira de Curitiba – CENIBRAC; Centro de Estudos da Língua Japonesa do Sul do Paraná; Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria de Nagasaki – Escola Junshin; Consulado Geral do Japão em Curitiba; Curitiba Tênis Clube – CTC; Curso Bunkyô de Língua Japonesa; Curso de Línguas Estrangeiras Oyama – Oyama Gakuen; Higashi Honganji; Instituto Cultural e Científico Brasil Japão – ICCBJ; Instituto Paranaense de Ikebana; Ikenobo da América do Sul; Igreja Evangélica Holiness de Curitiba; Igreja Messiânica Mundial do Brasil; Igreja Tenrikyo de Curitiba; Konkokyo; Lar Santa Mãe Junshin; Okinawa Kenjinkai; Ryukyu Koku Matsuri Daiko – Filial Curitiba; Seicho-No-Ie do Brasil – Regional Paraná 5 – Curitiba; Templo Budista Jodoshu Nippakuji de Curitiba; Templo Budista Nishi Hongwanji de Curitiba; Templo Nyorenji – Budismo Primordial HBS e União dos Gakusseis de Curitiba – UGC.
Fonte: Câmara Municipal de Curitiba