Grande Curitiba

Mergulho em água rasa é a segunda causa de lesão medular no Brasil durante o verão; saiba como evitar

12 de fevereiro de 2024 às 11:35
(Foto ilustrativa / Shutterstock)

COM ASSESSORIAS – As altas temperaturas aumentam o número de visitas em locais como lagos, cachoeiras e piscinas e, consequentemente, sobe o índice de acidentes que causam lesões medulares provocadas por mergulho em água rasa. Conforme informações divulgadas pela Sociedade Brasileira de Ortopedia (SBOT), o mergulho em locais inadequados é a quarta causa deste tipo de lesão ao longo do ano e, no verão, sobe para a segunda posição, afetando principalmente jovens de 10 a 30 anos, com lesões na coluna cervical.

Segundo dados do DataSus, os hospitais da rede pública realizaram 7.234 tratamentos de traumatismo raquimedular e de fratura na coluna vertebral com lesão na medula espinhal, de dezembro de 2022 a novembro de 2023, em todo o Brasil. Apenas no Paraná foram 394 atendimentos.

O Ministério da Saúde informa que os atendimentos ambulatoriais por lesão medular chegaram a 31.094 de janeiro a novembro do ano passado.

Recentemente um homem de 55 anos precisou ser socorrido pelo Batalhão de Operações Aéreas da Polícia Militar, após realizar um mergulho em Guaratuba, no litoral do Paraná, e sofrer um traumatismo craniano.

O ortopedista especialista em cirurgia de coluna, Dr. Luiz Muller Avila, que atende no Eco Medical Center, explica que as consequências podem ser extremamente sérias. “Ao saltar em um local raso e bater a cabeça no fundo de uma piscina ou na pedra de uma cachoeira, o paciente pode apresentar fratura e/ou luxação da coluna cervical, com risco de sofrer lesões neurológicas definitivas causadoras de tetraplegia”, ressalta.

A medula espinhal é uma estrutura que conecta o cérebro aos membros inferiores e superiores, através de ligações nervosas, possibilitando a mobilidade e a sensibilidade dos braços e pernas.

Dr. Luiz explica como acontece a lesão medular nessas situações. “Geralmente a pessoa mergulha de cabeça e a bate contra o fundo, a força aplicada na cabeça é transmitida para o pescoço e leva a uma fratura nas vértebras cervicais, que provoca a compressão e a lesão da medula espinhal”.

Ainda segundo o cirurgião, em casos de acidentes é necessário solicitar atendimento médico de urgência. “Caso seja um local sem a presença de salva-vidas, os banhistas que presenciaram o acidente devem retirar a vítima da água e solicitar apoio do SAMU ou corpo de bombeiros”.

COMO EVITAR – O corpo de bombeiros alerta que este risco existe em todos os locais e lembra que o comportamento do banhista é o ponto mais importante.

Conhecer o local é primordial, conforme explica a tenente Ana Paula Inácio Zanlorenzzi. “Antes de tentar mergulhar, entre em pé na água para saber a profundidade e que não faça ingestão de bebida alcoólica antes de entrar na água, pois isso pode causar uma redução dos reflexos. Evite também brincadeiras de jogar colegas na água, correr e saltar em locais, por exemplo. O salto de “ponta” ou com a cabeça não deve acontecer se a pessoa não souber a profundidade do local ou o que há embaixo d’água, alertando pela possibilidade de incidência de galhos, pedras e irregularidades no solo”.