Grande Curitiba

Educação política: servidores de Curitiba serão mediadores do “jogo da vida real”

Servidores da Câmara de Curitiba participaram da segunda etapa de capacitação com o Instituto Mais Cidadania.
17 de maio de 2024 às 10:22
(Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Matou aula, colou na prova, usou drogas? Ou, na vida adulta, sonegou impostos, desviou dinheiro público, pegou dinheiro emprestado e não pagou? Estas são algumas das questões que o “jogo da vida real” expõe. Desenvolvido pelo Instituto Mais Cidadania, o jogo Escolhas & Acaso é mais uma das ferramentas de educação política adotadas pela Câmara Municipal de Curitiba (CMC). O objetivo é, de forma lúdica, provocar discussões sobre cidadania, moralidade e justiça social, política e econômica.

Nesta quinta-feira (16), servidores da instituição passaram pelo treinamento, com o Instituto Mais Cidadania, para que possam atuar como multiplicadores da dinâmica inovadora. Sob a coordenação da Escola do Legislativo Maria Olympia Carneiro Mochel, a proposta é aplicar o jogo Escolhas & Acaso para estudantes que visitam a Câmara. Além disso, os servidores poderão levar a dinâmica até instituições de ensino de Curitiba.

O Escolhas & Acaso, explica um de seus idealizadores, o professor Roosevelt Arraes, “é parecido com o Jogo da Vida”. No entanto, ele pontua que a metodologia do Instituto Mais Cidadania adota o contexto do “mundo real; aqui você tem gente de classe A, B, C, D e E” e não de “um mundo de margarina”. A ideia, continua, é “ensinar às pessoas a pensar sobre os problemas reais da sociedade e como lidar com essas dificuldades”. “Não é uma questão de compaixão, é uma questão de justiça.”

“É um jogo poderoso para discussões, […] pode ser jogado inúmeras vezes, retomar inúmeras vezes as discussões. [O jogador] pode morrer, ficar doente, ficar desempregado. Como na vida real, tem as contas do mês [na vida adulta]”, acrescenta o voluntário do Instituto Mais Cidadania, que é doutor em Filosofia Jurídica e Política e professor do curso de Direito do UniCuritiba. Arraes destaca que a ferramenta de educação política é ideal para ser aplicada a estudantes na faixa etária dos 14 aos 18 anos de idade, “que é o pessoal que está começando a pensar na escolha da carreira”.

Os servidores da Câmara de Curitiba também passaram, no começo do mês, por capacitação para aplicar o Jogo da Eleição, outra ferramenta de educação política do Instituto Mais Cidadania. Diretora da Escola do Legislativo, Débora Reis Leal, adianta que a dinâmica será aplicada, na próxima quarta-feira (22), à próxima “legislatura” de vereadores mirins, eleitos por meio do Parlamento Jovem, programa do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR).

“A Escola do Legislativo recebe grupos de várias idades para a visita guiada na Câmara. Só esse ano, já recebemos 1387 pessoas”, frisa Débora. “Mas a gente sabe que nem sempre é fácil para as escolas trazerem seus alunos até aqui. Pensando nisso, e reconhecendo a importância da educação cidadã e política, que a Câmara decidiu levar uma atividade lúdica e didática até as escolas. O Jogo Escolhas & Acaso, assim como o Jogo da Eleição, foi a forma que encontramos de levar para as escolas um pouquinho do que experimentam os investidos em cargo públicos, seja durante o processo eleitoral ou depois, enquanto legisladores”, explica.

“O jogo Escolhas e Acasos é uma ferramenta didática para abordarmos temas como cidadania e justiça social, política e econômica com os jovens. A dinâmica permite que você experimente o lugar do outro, vivenciando oportunidades ou, ao contrário, não tendo acesso a elas”, reitera a diretora da Escola do Legislativo. “Mais do que isso, a brincadeira é um exercício de como as escolhas que fazemos podem mudar não só o nosso destino, mas o destino de toda a sociedade.”

Como o jogo Escolhas & Acaso funciona?

“Existem acasos na vida que vão dar mais ou menos vantagens às pessoas”, explica o professor Roosevelt Arraes sobre as cartas, sorteadas no começo da partida, que definem o perfil de cada jogador. Questões como classe social, gênero, etnia e habilidades que determinam sua pontuação em diferentes áreas e a quantia de dinheiro fictício que o estudante terá à disposição no começo da partida.

Ao lançar o dado e avançar pelo tabuleiro, dentro de sua classe social, os jogadores se deparam com os conflitos típicos das diferentes etapas da vida, da infância à terceira idade. Colar numa prova e cometer crimes, por exemplo, levam à perda de pontos. Outras ações, como ajudar nas tarefas de casa e a comunidade, agregam pontuação.

Além disso, existe a possibilidade de fazer escolhas, como prestar vestibular para uma carreira que, a partir da vida adulta, será determinante para o valor de seu salário. “Você tem a possibilidade de fazer escolhas e mudar a sua vida”, destaca o voluntário do Instituto Mais Cidadania. Entretanto, o dinheiro fictício, conforme a classe social, pode interferir nesta escolha.

Na terceira idade, novamente, “pé-de-meia” acumulado ao longo da jornada é decisivo para custear despesas com tratamentos de saúde, por exemplo. O “game over”, inclusive, acontece por doença grave ou endividamento. “O jogo traz estas situações da vida real, é uma vivência mesmo. No fim do jogo, é importante colocar os estudantes para refletir sobre diferentes situações”, afirma o mediador da vivência. Vence quem chegar primeiro à casa do “juízo final”.

Fonte: Câmara Municipal de Curitiba