Grande Curitiba

Vestidas de branco, mulheres marcham em silêncio pela Rua XV de Novembro contra o feminicídio

23 de julho de 2025 às 09:41
(Foto: Hully Paiva/SECOM)

COM ASSESSORIAS – O Centro de Curitiba foi palco, nesta terça-feira (22/7), de uma manifestação carregada de significado e emoção: a 3ª Caminhada do Meio-Dia, pelo fim do feminicídio. Promovido pela Prefeitura de Curitiba, por meio da Secretaria da Mulher e Igualdade Étnico-Racial, o ato reuniu milhares de pessoas na Praça Santos Andrade e percorreu a Rua XV de Novembro em silêncio — um silêncio eloquente em homenagem às mulheres cujas vidas foram interrompidas pela violência de gênero.

A maioria das participantes vestia branco, cor que simboliza paz, luto e esperança por um futuro sem violência. O início do silêncio foi marcado pelo toque de sinos na Praça Santos Andrade, que ecoaram como um chamado coletivo à consciência e à ação.

Realizada no Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, instituído pela Lei nº 19.873/2019, a mobilização faz parte da campanha estadual “Paraná Unido no Combate ao Feminicídio”, articulada com a Secretaria de Estado da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa (Semipi) e diversas organizações da sociedade civil.

Resistência e memória

Cartazes com frases de ordem acompanharam o cortejo silencioso, que também contou com a distribuição de materiais informativos sobre como identificar, denunciar e buscar apoio em casos de violência doméstica, psicológica e patrimonial.

“O feminicídio ainda é uma realidade cruel que precisamos enfrentar com políticas públicas firmes e engajamento de toda a sociedade. Que nenhuma mulher morra vítima de violência e que nenhuma família passe por essa tristeza. Essa caminhada é uma continuidade das nossas políticas públicas, mas esse é um problema que precisamos discutir em sociedade”, afirmou Marli Teixeira Leite, secretária municipal da Mulher e Igualdade Étnico-Racial.

A secretária estadual da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa, Leandre dal Ponte, participou da ação e reforçou a importância da mobilização interinstitucional.

“A resposta ao feminicídio não pode ser fragmentada. Essa mesma ação está acontecendo em mais de 180 cidades do Paraná. A presença de tantas vozes e instituições aqui hoje mostra que só com rede, escuta e ação articulada conseguiremos proteger as mulheres e romper esse ciclo de violência. O Paraná inteiro unido pelas mulheres”, declarou.

Silêncio que fala, flores que lembram

A Associação das Mulheres pela Segurança Pública (Amusp) levou às ruas o retrato de uma dor que atinge inclusive quem está na linha de frente do combate à violência. Representantes da entidade carregavam flores brancas e cartazes com fotos de policiais vítimas de feminicídio, como as soldadas Marcella Christiane Rosa e Daniela Carolina Marinelo, assassinadas por seus companheiros.

“A sociedade precisa entender que nenhuma mulher está imune. Nem mesmo aquelas que dedicam suas vidas à segurança escapam da violência dentro de casa. Se soldados treinadas foram vítimas, imagine quantas outras mulheres silenciam por medo ou vergonha”, declarou Lara Alvin, presidente da associação.
Presenças

A mobilização reuniu representantes de secretarias municipais e estaduais, movimentos feministas, Procuradorias da Mulher, Câmara Municipal, OAB, Poder Judiciário, Assembleia Legislativa, Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, instituições religiosas, administradores regionais, lideranças comunitárias e cidadãs de todas as idades.