Grande Curitiba

Diálogos de Cidadania: moradores de Pinhais discutiram racismo e xenofobia em novembro

Rodas de conversa proporcionaram troca de vivências e orientações sobre direitos em diferentes comunidades do município
6 de dezembro de 2024 às 11:22
(Foto: Divulgação/PMP)

COM ASSESSORIAS – A equipe do Departamento de Assistência Judiciária e Cidadania (DEAJC), junto das advogadas da OAB/PR (Subseção de São José dos Pinhais), Aieda Muhhiedine, Denise Erthal da Silva e Lúcia Kelly Farias de Oliveira, fizeram uma roda de conversa com os moradores dos territórios de abrangência da Secretaria de Assistência Social (Semas), sobre racismo e xenofobia, durante o mês de novembro. As comunidades de cada Cras receberam os “Diálogos de Cidadania” – proposta de debates e reflexões que integra o programa Pinhais Cidadã.

Foram quatro encontros no mês da Consciência Negra, contemplando as regiões dos Cras Norte, Sul, Leste e Oeste. O último evento, realizado no dia 28, ocorreu no auditório do Centro da Juventude, com os jovens participantes dos programas Agentes de Cidadania e ProJovem.

Na ocasião, vitimas de discriminação de raça e etnia tiveram oportunidade de compartilhar suas vivências, encontrando apoio e empatia do grupo pertencente no Cras, bem como dos profissionais da assistência social que coordenam os grupos de convivência social e comunitária.

Recente levantamento da Semas aponta que 1.114 famílias estrangeiras, inseridas no Cadastro Único, vivem atualmente em Pinhais. Venezuela, Haiti, Cuba e Angola são as nacionalidades com maior número de pessoas. Com base nessa realidade, as equipes contaram com a participação da assessoria jurídica da organização da sociedade civil Irmandade Sem Fronteiras, buscando melhor compreensão dos direitos dos migrantes.

Nas rodas de conversa os temas foram tratados de forma a elucidar o que é xenofobia e racismo, quais os órgãos de defesa, e como está amparado o trabalhador estrangeiro à luz da legislação brasileira, incluindo questões de trabalho infantil, assédio moral, assédio sexual. Cerca de 100 usuários dos serviços de assistência social participaram dos encontros, que também puderam preencher uma ficha de avaliação da atividade, com intuito de aprimoramento.

Roseli Alves, de 62 anos, participou do encontro realizado no Cras Sul e contou sobre o preconceito que o irmão sofreu na busca por emprego. “A xenofobia é um preconceito, o medo de outras nacionalidades e culturas, outras religiões. É a discriminação, que leva até a violência. É triste… Então, no Cras, falamos sobre o racismo, a xenofobia que existem, e até para arrumar um emprego fica difícil. Meu irmão foi em uma entrevista pra trabalhar de segurança, e o gerente foi falar com outra pessoa, olhando ele de cima a baixo. Não foi contratado por ser preto. Ele ficou muito triste, quase chorei com ele, infelizmente é assim”.

Moradora do Weissópolis, Roseli frequenta o Cras Sul há dois anos. “Eu gosto muito de vir aqui, sabe? Eu me sinto muito bem, aprendo cada dia mais as coisas, gosto de ver as minhas amigas e fazer as atividades. Eu estava em casa com depressão, andava chorando e, depois que comecei a participar daqui, fiz amizades, aprendo muito e não me sinto mais só”, relata.

A assistente social Edineia Gomes, atuante do Cras Norte, destaca a importância das diversas atividades para os migrantes. “O reconhecimento dos migrantes como sujeito de direito é fundamental para definir a completude de acesso na atenção da rede socioassistencial. Cabe ressaltar que as ações da Política de Assistência Social na especificidade desse atendimento possibilita a identificação e pertencimento. Ações essas estabelecidas nos grupos, palestras, eventos de conscientização, promoção da cidadania, assistência jurídica às pessoas migrantes. Por meio desse acolhimento humanizado viabiliza-se um espaço de reconhecimento relevante ao referencial identitário”, avalia.

A advogada Lúcia Kelly Farias de Oliveira agradeceu a oportunidade de participar do projeto. “Essa experiência, sem dúvida, contribuiu para melhorar a vida das pessoas, explicando o conceito, causas, consequências, punições, como denunciar, como se proteger, enfim, foi dadaorientação aos imigrantes e moradores da região, além de esclarecer dúvidas jurídicas, que, com certeza, deixou todos mais seguros e bem informados sobre como agir nos casos mencionados. Um cidadão bem informado detém melhores condições em conhecer e exigir os seus direitos, principalmente os essenciais como saúde, educação, moradia, dentre outros. Por esse motivo o acesso à informação correta e verídica é tão importante”, pontuou.

A orientação sobre os conceitos de xenofobia e racismo, e suas problemáticas, também foi destacada pela advogada Aieda Muhhiedine. “A xenofobia, embora seja um termo que não tenha um significado simples, é a aversão a outra pessoa por ela ser um migrante de outro país, de outra nacionalidade. Então, conseguimos ‘visualizar’, mas é pouco comentado. Já o racismo não é somente para nacionalidades, ele está envolvido no nosso dia a dia, e a gente precisa dar às pessoas, à população, essa noção, essa diferenciação, essa prevenção e também o custo disso, o quanto custa para as pessoas que são vítimas e também àquele que pratica, não tem ganho nenhum, então, trazer essa temática é de suma importância. Estamos abertos para esse diálogo, para fornecer informações, falar sobre prevenção, como prevenir esses atos e onde buscar apoio”, conclui.

Para Adriele Carvalho Vanuchi Peppes, diretora do DEAJC, esta edição dos Diálogos de Cidadania propôs temas importantes, que precisam ser trabalhados com a comunidade. “Racismo e xenofobia são expressões que precisam ser enfrentadas com ações concretas, como as rodas de conversa que vêm para promover a conscientização de forma a incentivar os participantes a refletirem sobre seus próprios preconceitos, visando assim a construção de uma sociedade mais inclusiva e igualitária”, afirma. “Os Diálogos de Cidadania são espaços de expressão da população, que consideramos instrumento importante para construção de um entendimento coletivo que respeite a diversidade”, completa.

Assistência Judiciária e Cidadania

O Departamento de Assistência Judiciária e Cidadania, da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) atende os moradores de Pinhais, inseridos nos critérios definidos pela pasta, nas áreas de Direito das Famílias, Infância e Juventude Cível, Registro Público, Alvará Judicial e Interdição.

Endereço: Rua Jerônimo Busato Filho, 133, Estância Pinhais

WhatsApp: (41) 99245-4630

Email: [email protected]

Atendimentos de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h

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