Grande Curitiba

Com salários atrasados, médicos reduzem atendimento em UPA de Ponta Grossa

Apenas casos de emergência e urgência são recebidos nesta quarta (26) na UPA Santa Paula; empresa disse que não fez pagamento porque prefeitura não repassou valores integrais. Prefeitura diz que conversa com empresa.
26 de outubro de 2022 às 14:53
(Foto: Reprodução/RPC)

Médicos da UPA Santa Paula em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, reduziram os atendimentos nesta quarta-feira (26) como protesto diante do atraso salarial que chegou a dois meses. Os profissionais e também prestadores de serviços não receberam os vencimentos referentes a agosto e setembro.

Agora, são recebidos apenas casos de emergência e urgência.

“Nós estamos atendendo apenas emergência. A classificação é apenas ficha vermelha e as pacientes classificadas como urgência, que são os amarelos. Os pacientes classificados como ficha azul, ficha verde, podem procurar sim o posto de saúde ou as crianças procurar o CRAC, que é o Centro de Atendimento à Criança. Mesmo sem receber salário, a gente manteve os atendimentos. Então nós optamos por tentar reduzir um pouco, né, porque a gente precisa receber. Todo mundo tem conta”, afirmou uma médica que atua há mais de 10 meses na unidade e está com os salários atrasados.

Os profissionais eram contratados pela prefeitura por uma empresa terceirizada. O contrato entre as partes, inclusive, já foi encerrado.

Por nota, o Instituto Saúde e Cidadania (Isac) afirmou que não repassou os salários para médicos e prestadores de serviços porque não recebeu, da prefeitura, os valores integrais de agosto e setembro. Disse, ainda, que após o rompimento do contrato aguarda o recebimento do município para regularizar a situação junto aos profissionais.

Já a prefeitura afirmou que conversa com a empresa sobre a situação e que a diretora-técnica da UPA auxiliar no atendimento até tudo ser resolvido.

“A gente está acompanhando, com as OS (organizações sociais) a gente tem fiscal diretamente ali, 24 horas dentro das UPAs. Elas estão me passando todas as informações. Paralelo a isso a gente tem conversado com a empresa. A empresa já tem tomado todas as providências necessárias. A urgência e emergência não está desassistida”, afirmou a presidente da Fundação Municipal de Saúde, Juliane Dorosxi Setefanczak.

‘A gente fica indignado’

Uma paciente que buscou a UPA Santa Paula por volta das 7h não havia sido atendida depois das 12h, nesta quarta. Ela se queixa de fortes dores no abdômen e na lombar depois de passar por uma cirurgia.

“Está demorando. Tem idosos, tem pessoas com dores, pessoas lá que não estão aguentando de dor e está [sic] lá dentro do hospital ali esperando atendimento e até agora nada. É desumano, né. Desumano porque a nossa saúde poderia ser melhor. Os atendentes, as pessoas que estão ali dentro para atender e poderia muito bem estar recebendo seu salário para poder estar atendendo a gente melhor. A gente fica indignado com a situação que acontece. É difícil”, afirmou.

Ela contou que não buscou uma Unidade Básica de Saúde (UBS) porque quer descobrir o que causa dores e, para exames mais elaborados, é preciso a estrutura da UPA.

Por nota, o Ministério Público do Paraná afirmou que tem procedimentos abertos desde agosto para acompanhar o atendimento à saúde e à população em Ponta Grossa. Contudo, o órgão disse não ter inquéritos para as questões trabalhistas envolvendo falta de pagamento a médicos.

Fonte: G1