São José dos Pinhais já registrou 96 casos de esporotricose em 2024
COM ASSESSORIAS – No primeiro semestre de 2024, São José dos Pinhais já registrou 96 casos de esporotricose em animais; em 2023, foram 224 casos confirmados. Esse número representa uma preocupação significativa para a saúde pública de todos os são-joseenses. Sabendo disso, a Secretaria Municipal de Saúde (Sems), por meio da Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ), apresenta algumas medidas desenvolvidas pela equipe responsável para o tratamento correto dos animais infectados com a doença.
“É importante destacar a importância de medidas de controle, prevenção e tratamento eficazes, bem como a necessidade de conscientização sobre a doença entre proprietários de animais, veterinários e autoridades de saúde. A identificação precoce, o tratamento adequado e o manejo apropriado dos casos são essenciais para mitigar o impacto da esporotricose na saúde dos animais e na saúde pública”, destaca o médico veterinário da UVZ, Haroldo Greca Junior
- Fornecimento de Itraconazol:
- A UVZ iniciou o fornecimento do medicamento itraconazol para o tratamento de animais infectados em 2020. Isso foi uma resposta à necessidade de enfrentar os desafios relacionados ao alto custo do tratamento, a população carente, o abandono de tratamentos e a falta de adesão, além do alto número de eutanásias.
- Capacitação Profissional:
- Foram realizados treinamentos e cursos voltados para profissionais de saúde e médicos veterinários, visando melhorar o diagnóstico, prevenção e controle da doença.
- Atendimento na UVZ:
- A UVZ oferece atendimento para casos suspeitos de esporotricose, incluindo diagnóstico por citologia, prescrição de tratamento e acompanhamento dos casos, promovendo uma abordagem integrada para lidar com a doença.
- Projeto de Estimativa Real de Casos:
- Está sendo iniciado um projeto para estimar o número real de casos de esporotricose na região, utilizando software epidemiológico para fazer projeções e simulações de medidas de controle. Isso permitirá que o município tome decisões mais precisas e eficazes no enfrentamento da esporotricose.
Essas ações demonstram um compromisso sério da administração municipal em enfrentar a esporotricose, adotando uma abordagem abrangente que envolve vigilância epidemiológica, acesso ao tratamento, capacitação profissional e estratégias inovadoras de controle da doença.
O que é esporotricose?
A esporotricose é uma micose profunda causada por um fungo amplamente distribuído na natureza, encontrado principalmente em solos contaminados, vegetais em decomposição e materiais orgânicos. Ele é transmitido principalmente pelo contato direto com o fungo ou com materiais contaminados por ele, como espinhos de plantas e ferimentos de animais infectados.
Apesar de os gatos serem os principais afetados pela doença, cães e outros mamíferos, além dos humanos, também pode contrair a esporotricose. Os indivíduos que trabalham diretamente com animais (como veterinários, fazendeiros e funcionários de abrigos de animais) e os que têm contato frequente com o solo contaminado (como jardineiros e agricultores), são os mais propensos a contraírem a doença.
A maioria dos casos de esporotricose em humanos é adquirida através de ferimentos ou arranhões por gatos infectados, enquanto em animais, a infecção pode ocorrer por meio do contato com solo contaminado ou material orgânico.
Segundo Greca Junior, após a exposição, os fungos penetram na pele ou mucosas do hospedeiro, onde podem se multiplicar e causar infecção localizada ou disseminada, dependendo da resposta imunológica do indivíduo e de fatores de virulência do fungo.
“A esporotricose não é transmitida de pessoa para pessoa, exceto em raras circunstâncias, e a principal fonte de infecção para os humanos é o contato com animais infectados, especialmente gatos, que podem desenvolver lesões cutâneas ou subcutâneas e eliminar o fungo através de arranhões ou mordidas”, explica médico veterinário da UVZ.
Quais os sintomas da esporotricose?
Os sintomas da esporotricose podem variar dependendo da espécie afetada e da forma clínica da doença. Os mais comuns são:
- Em animais:
- Especialmente em gatos, a esporotricose frequentemente se manifesta como lesões cutâneas ou subcutâneas, comumente na cabeça, pescoço e membros. Diversos tipos de lesões são características. Além disso, a doença se manifesta de maneira infinitamente mais grave em felinos se comparada a outras espécies.
- Os gatos podem apresentar letargia (estado de muito cansaço), febre, falta de apetite e linfonodos aumentados, especialmente em casos de disseminação da doença. Além disso, em felinos, a forma respiratória também é possível, apresentando sintomas como tosse, dispneia e espirros.
- Em humanos:
- A forma cutânea é a mais comum e geralmente se manifesta como lesões na pele, ocorrendo frequentemente em membros expostos, como mãos e braços. Além disso, em casos raros, pode ocorrer a forma pulmonar, especialmente em pessoas com sistema imunológico comprometido.
- Em casos de Esporotricose disseminada, os sintomas podem incluir febre, sudorese noturna, perda de peso e envolvimento de órgãos internos, como pulmões, fígado e sistema nervoso central.
Saiba mais!
Essa é a primeira parte de uma série de matérias sobre o assunto. Nas próximas semanas, saiba como é feito o diagnóstico da doença, quais os tratamentos, as formas de se prevenir e o que fazer caso identifique um animal com a doença.