Grande Curitiba

Serviço de Família Acolhedora garante lar e cuidado a crianças e adolescentes com medida protetiva

Conheça a história da Cleonice que, com seu marido, acolhe uma criança de quatro anos por meio do serviço realizado pela Secretaria de Assistência Social
23 de janeiro de 2025 às 09:38
(Foto: Divulgação/PMP)

COM ASSESSORIAS – Na tarde desta terça-feira (21), dona Cleonice abriu a sua casa para receber, mais uma vez, a equipe do Serviço de Família Acolhedora da Prefeitura de Pinhais. O serviço, realizado pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), foi lançado em 4 março de 2024 e já habilitou seis famílias, incluindo a da Cleonice. Há quatro meses, ela e o marido cuidam do pequeno V. G. C, de quatro anos, dando a ele todo o cuidado que precisa, garantindo um lar e o afeto necessários nesse momento delicado de sua vida.

Apesar do desafio, a família da Cleonice não ‘parou’ por causa disso, e recebe todo o suporte da Semas. “Eu soube da abertura do programa em Pinhais, então liguei, falei que queria participar, a equipe veio aqui em casa, e a gente começou a conversar. Fiz o processo de habilitação e o V. G. C. veio para mim, foi um processo tranquilo. Vale a pena as famílias de Pinhais começarem a colocar isso em prática, acolher uma criança”, recomenda Cleonice Gomes Cruz, de 53 anos, enquanto exibe o desenho feito pelo menino retratando a família que o acolheu.

Para ser uma família acolhedora, o primeiro passo é procurar o serviço para tirar as dúvidas. “A equipe acolhe os interessados e faz todas as orientações necessárias, em seguida é feita a inscrição de forma presencial, ou pelo site, e a entrega da documentação solicitada. Os técnicos (psicólogo e assistente social) realizam a visita domiciliar com o objetivo de fazer o estudo psicossocial da família. Após concluída essa etapa, a família passa por formação, onde são estudados temas pertinentes ao acolhimento de crianças e adolescentes. Após a conclusão dessas etapas a família pode ser habilitada para o acolhimento.”, explica a coordenadora do programa, Roselene Martins da Silva.

O acolhimento é uma medida provisória e excepcional, que visa garantir o cuidado e a proteção de crianças e adolescentes em situação de abandono ou quando seus direitos estão sendo ameaçados ou violados no contexto familiar. Durante o acolhimento, a criança ou adolescente recebe os cuidados e proteção para que se desenvolva integralmente, assim como tem uma participação ativa na comunidade onde a família acolhedora está inserida.

Cleonice também comenta sobre o desafio de cuidar de uma criança, depois de tanto tempo da criação do primeiro filho: “Hoje ele [V. G. C.] está de férias, então é mais fácil, mas demanda uma mudança muito grande na vida da gente, porque eu tinha só um filho e depois de 35 anos aparece uma criança de quatro anos. É uma mudança muito grande, ele chega com traumas, não chega perfeitinho, chega com bastante dificuldades, com os medos das perdas que ele teve em tão pouco tempo de vida, então podem pensar que é muito fácil, e não é, você tem que realmente se dedicar, tem que trabalhar com amor.”

Acompanhamento

Após a habilitação, as famílias continuam participando de capacitações, assim como as crianças ou adolescentes acolhidos têm o acompanhamento constante dos técnicos do Serviço de Família Acolhedora. “Nosso serviço trabalha de forma integrada com os demais serviços da prefeitura, pois as famílias acolhedoras e acolhidos são moradores de Pinhais”, ressalta Roselene.

Além disso, as famílias acolhedoras recebem uma bolsa mensal, no valor de um salário mínimo, para custear roupas, alimentação, lazer, entre outras necessidades. Esse recurso, próprio do município, está previsto na lei 2890, de 19 de outubro de 2023.

Das seis famílias habilitadas pelo serviço em Pinhais, três já estão com crianças em acolhimento. Um bebê, uma criança de dois anos e V. G. C., de quatro anos. “O Serviço de Família Acolhedora é voluntário e o envolvimento da comunidade é primordial. Temos acompanhado os acolhimentos e é possível observar o envolvimento e compromisso das famílias, o desenvolvimento das crianças, assim como fazer a relação da teoria com a prática. Importante ressaltar o investimento feito pela prefeitura em capacitação para os profissionais e para as famílias acolhedoras”, afirma.

Para o psicólogo do programa, Guilherme Vasconcelos Guimarães de Castro, quando as famílias começam a acolher, é um momento de muita fragilidade. “Esse acompanhamento no início é fundamental, porque muitas vezes não se sabe o que pode vir da criança e vai ter que ‘inventar’ o jeito de acolher. A gente acompanha todas as famílias, semanalmente. Conforme a gente vai vendo essa necessidade, é possível a gente deixar um pouco mais espaçado, porque já não tem mais aquela necessidade das famílias”, aponta.

“A ‘distância’ que a criança tem dessa família vai ficando menor, então ela também vai ficando mais íntima dessa casa, dessa rotina, desse jeito de cuidar. A psicologia traz essas ferramentas de como cuidar de cada necessidade. A gente pode não saber como cuidar dessa criança no início, mas a gente aprende, porque a gente foi cuidado, então a gente inventa um jeito de cuidar conforme o que a gente sabe, conforme o que a gente viveu”, acrescenta Guilherme.

Medida de acolhimento

Pinhais conta com uma Unidade de Acolhimento Institucional (Uaip), atualmente com 13 crianças acolhidas. O Serviço de Família Acolhedora (SFA) está com três crianças atendidas; e uma instituição credenciada à Secretaria de Assistência Social, na região metropolitana, acolhe atualmente sete crianças. “Antes do acolhimento, também tem o trabalho de procurar a família extensa. Essa criança pode ir para uma avó, para um avô, uma madrinha, um tio, um parente. Se não tiver ninguém, é o acolhimento. Por isso é uma medida excepcional e provisória, é o último recurso”, explica Roselene.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê até dezoito meses para o acolhimento, seja institucional ou em família acolhedora. “A busca pela resolução da situação do acolhido é feita de modo incansável pelo Poder Judiciário, equipe do Serviço de Família Acolhedora e Rede de Proteção da Família.”, salienta Roselene.

Cuidar e se preparar para a despedida

Por se tratar de um acolhimento temporário, é comum que haja a preocupação em relação ao apego, a um compreensível sofrimento ao final do processo, da “despedida” entre o acolhedor e o acolhido. Tudo isso também é trabalhado pelas equipes do serviço, do primeiro dia de capacitação até o último dia do acolhimento, para que tanto a família acolhedora como a criança ou adolescente ganhem com o serviço.

“Eu sou bem consciente que o que estamos fazendo é só um cuidado. Eu tento dar o melhor para ele, dar família, dar amigos. Porque ele pode sair, ir aonde ele quer, ele vai à igreja, ele tem pessoas que ele conhece na igreja, então, até que ele vá embora, ele vai levar uma referência boa, e é isso que eu desejo a ele. Quando ele for embora, é claro que eu vou chorar um monte, porque foi comigo que ele passou um bom tempo. Mas eu sei que isso é temporário, é algo que você sabe que vai acontecer e que você está preparado para isso, e eu penso assim todos os dias”, relata Cleonice.

Conheça o Serviço de Família Acolhedora

O Serviço de Família Acolhedora é uma iniciativa da Secretaria de Assistência Social de Pinhais que oferece acolhimento temporário para crianças e adolescentes afastados de suas famílias por medida judicial de acolhimento. A ação visa garantir que esses jovens possam viver em um ambiente familiar enquanto aguardam o retorno à sua família de origem ou outra solução adequada.

Você pode fazer parte dessa rede de apoio. Se tem interesse em acolher uma criança ou adolescente por um período temporário, a Secretaria de Assistência Social o convida a conhecer mais sobre esse programa transformador. A participação no Família Acolhedora exige capacitação e apoio contínuo de uma equipe técnica, garantindo um processo seguro e estruturado.

Inscrições abertas pelo link: https://forms.gle/JUdMUzw1BScKwY3c9

Para mais informações, entre em contato pelo e-mail: [email protected] ou pelo telefone (41) 99179-8834.