Grande Curitiba

Saúde Municipal alerta sobre foco de escorpiões em Campo Largo

Algumas regiões têm, usualmente, grande incidência de escorpiões durante o verão e aumento na quantidade de acidentes com animais peçonhentos. Momento é de intensificar os cuidados
3 de fevereiro de 2025 às 11:48
(Foto: Arquivo / Comunicação PMCL)

COM ASSESSORIAS – A Vigilância em Saúde Ambiental, divisão do departamento de Vigilância em Saúde do município, traz esclarecimentos e informações sobre o aparecimento de focos de escorpiões no município, no início deste ano.

O primeiro ponto que favorece essa situação, destaca Virginia Prado Schiavon, bióloga da Vigilância em Saúde Ambiental, está nas características do solo, da hidrografia e até mesmo do histórico econômico de Campo Largo, todos fatores extremamente favoráveis à presença e manutenção dos escorpiões no ambiente.

“Ao longo dos anos, a divisão vem monitorando e mapeando o aparecimento destes animais. O que resulta em um mapa (veja na aba Mídias) onde é possível perceber que, em alguns pontos específicos do município, o escorpião é endêmico. Eles são encontrados principalmente na região central (Vila Bancária até o Bom Jesus), no Ouro Verde (próximo ao hipermercado Condor), no Rivabem e no Itaqui. Isso significa dizer que ali é o habitat deles, e que não é possível exterminá-los. Como não é possível também fazer isso com as aranhas marrons, por exemplo”, explica.

Espécies – Além do mapeamento dos pontos endêmicos, a Vigilância também monitora as espécies circulantes, um monitoramento de grande relevância para a Saúde Municipal conhecer os riscos aos quais a população está exposta. A bióloga informa que, “atualmente, as espécies encontradas não são consideradas de risco. Mas, mesmo sabendo quais habitam nosso município, não estamos livres da introdução de novas espécies e que tragam risco sério à saúde. Desta forma, esse monitoramento precisa ser constante e, importante, ele acontece primariamente pela demanda espontânea das pessoas que nos trazem os animais encontrados e causadores de acidentes”.

No Paraná, segundo ela, existem algumas espécies cuja peçonha é de grande importância médica, já que causam acidentes graves com registro de óbito, como é o caso do escorpião amarelo (Tityus serrulatus). Porém, em Campo Largo a divisão tem o registro apenas do escorpião marrom (Tityus costatus) e de algumas espécies do escorpião preto (gênero Bothriurus), cuja peçonha não é de interesse médico, uma vez que os acidentes causados são leves. “Ou seja, apenas surgem manifestações no local da picada, como dor intensa e irritação no local. Alterações de frequência cardíaca ou pressão devem-se ao estresse e a dor intensa, causados pelo acidente”, indica ela.

Incidência de acidentes – Os acidentes com escorpião em Campo Largo são pouco frequentes e menores na comparação com outros animais peçonhentos. Em um levantamento realizado no SINAN (Sistema de Informações de Agravos de Notificação), entre os anos de 2019 e 2024, percebe-se que menos de 10% dos acidentes com animais peçonhentos que aconteceram no município foram causados por escorpiões. Inclusive, dentre o comparativo entre animais peçonhentos, exige maior atenção a aranha, sem dúvida. Para se ter uma ideia, só pelos dados de 2024, de um total de 145 casos registrados de acidentes, 22 (15,17%) foram com serpentes, 94 (64,83%) com aranhas, 9 (6,21%) com escorpiões e 20 (13,79%) com outros animais como lagartas e abelhas.

Sendo assim, a bióloga da Vigilância em Saúde Ambiental reforça: “É necessário estarmos atentos à presença deles em nossas residências, e tomar medidas que evitem a proliferação e também possíveis acidentes com os animais. Nessa época mais quente do ano já se sabe que há maior presença deles, em comparação aos demais meses. Por isso precisamos estar atentos e tomar as medidas de prevenção adequadas”.

Cuidados redobrados – Existem algumas ações preventivas que ajudam a evitar a entrada e a proliferação dos escorpiões nas residências. São medidas simples e que impedem, ainda, a entrada de outros animais peçonhentos e também de animais sinantrópicos (roedores) e vetores que podem causar desconforto:

  • Examine calçados, roupas e toalhas antes de usá-los;
  • Não acumule materiais inservíveis como restos de construção, telhas, tijolos e madeiras. Mantenha jardins, quintais, sótãos, garagens, depósitos sempre organizados e limpos, preferencialmente com dispositivos que impeçam a entrada e proliferação destes animais;
  • Reboque paredes e muros para vedar vãos e frestas que servem de abrigo e ninho aos escorpiões;
  • Use telas em ralos no chão, pias ou tanques;
  • Mantenha camas e berços afastados da parede;
  • Evite plantas com muitas folhagens;
  • Elimine insetos, principalmente baratas que são o alimento preferido dos escorpiões;
  • Acondicione o lixo em recipientes fechados para evitar a proliferação de insetos. E o disponibilize para coleta do caminhão que passa semanalmente nas residências recolhendo resíduos;
  • Em locais ou situações de risco de acidente como mata, trilhas, locais com acúmulo de lixo e materiais inservíveis, ou ainda em serviços de jardinagem, deslocamento de móveis, entre outros, use sempre equipamentos de proteção individual (EPI) como luvas e botas de cano alto;
  • Evite colocar as mãos desprotegidas dentro de tocas ou buracos em rochas, esses locais podem ser abrigo de algum animal peçonhento;
  • Preserve os predadores naturais. No caso do escorpião, os predadores são: gambás (Didelphis sp), sapos, corujas, lagartos, aranhas e formigas.

Em casos de acidentes, saiba o que fazer:

– Se possível, lave o local da picada com água e sabão, e tentar manter a vítima calma;

– Procure o atendimento médico imediatamente e, se possível, leve consigo o animal causador do acidente (em um pote transparente fechado), ou uma foto bem focada, para que seja possível verificar as características e identificar o animal;

– Não amarre, sugue, corte ou aplique qualquer tipo de substância (como café, álcool, vaselina, pomadas) no local da picada;

Não use produtos químicos – Sobre o uso de produtos para eliminação desses animais, a Vigilância em Saúde Ambiental pontua que ações isoladas de controle químico não trazem resultados eficientes e efetivos. “Muitos deles fazem o desalojamento destes animais, sem causar a morte dos mesmos, o que tende a aumentar o risco de acidentes. Além disso, fazer uso destes produtos sem melhorar as condições do ambiente que favorecem sua proliferação causa apenas uma melhora momentânea, mas em poucos meses já são encontrados animais novamente. Caso seja de interesse realizar um controle químico, p correto é procurar empresas sérias e especializadas neste serviço”, orienta a bióloga.

LEMBRE-SE: A existência de qualquer espécie animal é importante para a manutenção do equilíbrio na natureza, então procure preservá-los. Tomando as medidas preventivas necessárias já é possível reduzir muito a chance de ocorrer algum acidente.

A Vigilância em Saúde Ambiental está à disposição para qualquer dúvida. Os contatos são o telefone (41) 3291-5246, ou pessoalmente no Bloco 8 da sede administrativa da Prefeitura de Campo Largo (Avenida Padre Natal Pigatto, 925, Vila Elizabeth).

Denúncias relacionadas a animais peçonhentos podem ser feitas neste mesmo portal, no autoatendimento.