Grande Curitiba

Prefeitura apresenta medidas adotadas para garantir a continuidade do serviço

2 de junho de 2021 às 18:47
(Foto: Divulgação/PMC)

COM ASSESSORIAS – A realidade do transporte coletivo em Curitiba nos últimos meses tem sido bem diferente da maioria das cidades do País, onde crise causada pela pandemia tem provocado greves de ônibus, demissões e rompimentos de contrato, afetando de maneira significativa a qualidade do serviço e a mobilidade da população.

O transporte coletivo na pandemia foi tema de uma apresentação do presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs), Ogeny Pedro Maia Neto, nesta quarta-feira (2/6), a vereadores durante sessão virtual da Câmara Municipal de Curitiba (CMC).

Por mais de duas horas, o presidente da empresa apresentou dados e respondeu aos vereadores sobre o regime emergencial em vigor, as medidas adotadas para evitar o contágio da covid-19, o estudo que mostra o baixo índice de contaminação no transporte público e o monitoramento dos setores e atividades que mais utilizam os ônibus horários de maior movimento.

“O transporte coletivo é um serviço público essencial, previsto na Constituição, que não pode parar, assim como a limpeza urbana, a coleta de lixo, porque é fundamental para o funcionamento da cidade. A pandemia trouxe inúmeros desafios para o sistema, que é complexo. O que estamos vendo em outras cidades é um colapso, que felizmente aqui não ocorreu”, disse Maia Neto.

Em todo o País foram 38 greves, 13 rompimentos ou contratações emergenciais e cinco intervenções nas empresas de transporte. Há capitais que ficaram 20 dias sem o serviço. Em 14 meses de pandemia, foram 76 mil demissões e um prejuízo de R$ 14,2 bilhões, segundo a Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano (NTU).

Se por um lado a redução de circulação de pessoas, a suspensão das aulas presenciais e a adoção do home office derrubaram o número de passageiros, por outro o transporte coletivo teve que manter uma frota bem superior à demanda para que os ônibus pudessem circular com menos gente e atender os protocolos sanitários. Além disso, há pressão de custos do sistema, com a alta do diesel, que subiu cinco vezes em 2021 e acumula um reajuste de 40%.

O número de passageiros atual, de cerca de 360 mil/dia, é 54% menor que antes da pandemia, mas a frota opera com 100% nos horários de pico. Com a bandeira vermelha, adotada pela segunda vez na cidade e em vigor até 9 de junho, os ônibus só podem circular com no máximo 50% da capacidade.

Maia Neto ressalta que Curitiba vem mantendo sozinha o sistema funcionando, sem recursos federais ou estaduais. “Hoje a rede integrada com a região metropolitana é bancada exclusivamente por Curitiba”.

Economia de 33%

O regime emergencial do transporte coletivo, em vigor desde o ano passado, gerou uma redução de custos de 33% ao sistema. Segundo dados apresentados pela Urbs, os custos durante uma operação normal seriam da ordem de R$ 82,1 milhões por mês. Com a suspensão do pagamento de amortização e rentabilidade das empresas, o custo baixou para R$ 54,9 milhões – uma economia de R$ 27,2 milhões. Durante o regime em vigor, o desembolso da Prefeitura varia entre R$ 16 milhões e R$ 20 milhões.

Maia Neto também falou sobre o estudo epidemiológico realizado em parceria entre Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e Urbs com o cruzamento de dados de CPF de usuários do cartão transporte e de pessoas com diagnóstico de covid-19. O estudo mostrou que, entre março do ano passado e março de 2021, 99,9% dos usuários não tinham sido contaminados. O universo de cartões transporte representa 65% das transações de pagamento.

Um outro levantamento apresentado pelo presidente da Urbs, realizado pela Universidade de Viçosa (MG), mostra que não dá para estabelecer relação entre o número de passageiros e o número de casos de covid-19. Um comparativo entre cidades do Estado com e sem sistema de transporte mostra que o número de casos, sobre o total da população, se mantém próximo. Com um sistema de transporte sem interrupção na pandemia, Curitiba registrou 8,14% da população com covid-19. Em Bandeirantes, sem o transporte coletivo, o índice está em 12,18%.

Sistema de Ventilação

Os motivos que podem explicar o baixo índice de contaminação nos ônibus são, além de as pessoas usarem máscara e não conversarem, o tempo de permanência – em geral menor que em outros ambientes, com restaurantes, por exemplo – e o sistema de ventilação dos coletivos.

Segundo uma norma brasileira da ABNT, a ventilação forçada (gerada por ventiladores e com todas as janelas fechadas) deve renovar o ar a cada três minutos dentro do veículo – 20 vezes durante a hora.

Em Curitiba, a maioria dos modelos de ônibus tem ventilação com índices de renovação ainda maiores que os previstos pela ABNT a cada hora. Um biarticulado, por exemplo, renova o ar 34 vezes em uma hora, um ônibus articulado (24), padron (20), comum (27), micro especial (30) e micro (40).

Fiscalização

Sobre a fiscalização para evitar aglomerações nos ônibus, o presidente da Urbs ressaltou que o trabalho é realizado pelos fiscais nos principais terminais no período da manhã e no centro, no fim do dia.

O Centro de Controle Operacional (CCO) atua no monitoramento, com análise diária da demanda de usuários para adequação da oferta de veículos. Ônibus extras são colocados em caso de movimento acima do esperado. Um software mede o distanciamento das pessoas nos terminais.

“É claro que não temos como colocar um fiscal em cada um dos 1.050 ônibus da frota para checar o número de passageiros, o custo disso inviabilizaria o sistema. Mas fazemos o máximo com o que temos”.

De acordo com Maia Neto, um fator de pressão sobre a quantidade de pessoas nos terminais e ônibus municipais são as linhas metropolitanas, principalmente de Pinhais e Fazenda Rio Grande.

Protocolo sanitário

Durante a apresentação, também foram mostradas as principais medidas e protocolos sanitários adotados durante a pandemia como a sanitização especial de terminais, estações – tubo, pontos e ônibus, a disponibilidade de álcool gel, termômetros, máscaras e isolamento dos operadores dentro os coletivos, marcação de distanciamento e distribuição de material informativo aos passageiros nos terminais.

Na pandemia também entrou em operação o Urbs Móvel, ônibus que leva serviços ligados ao transporte até os bairros, além das linhas Vacina (que atende quem vai ser vacinado) e Expresso Saúde (voltada para profissionais de saúde).

Em março de 2021, entrou em vigor o bloqueio dos cartões transporte de pessoas com diagnóstico de covid-19. Até terça-feira (1/6), 199 passageiros tiveram os cartões bloqueados por tentar entrar em um ônibus durante o período de isolamento.