Grande Curitiba

MiguéNews: confira dicas para não cair na rede da desinformação

O combate diário às fake news parte também de cada cidadão
19 de agosto de 2022 às 12:03
(Arte: Emily Curbani/CMC)

Como diz o slogan da MiguéNews, campanha da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) de combate às fake news: “Quem não confere a informação, passa por bobo na discussão”. Todo mundo já recebeu aquela mensagem que avisava: “Você precisa saber disso!”, “Especialista afirma…”, “Eles não querem que você saiba disso!”, seguida de alguma informação absurda — ou, no mínimo, duvidosa. No fim, algo como “Repasse para todos seus contatos”. Esses são alguns dos clichês que acompanham os boatos lançados na rede, tentando fisgar o leitor menos cauteloso.

Segundo um estudo de 2018, realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, as notícias falsas se espalham 70% mais rápido pela internet que as verdadeiras, principalmente aquelas relacionadas à política. Os pesquisadores analisaram 126 mil postagens no Twitter, feitas entre 2006 e 2017, replicadas mais de 4,5 milhões de vezes. O levantamento ainda aponta que notícias relacionadas à política são disseminadas três vezes mais rápido.

Ao contrário do que se imaginava, os pesquisadores identificaram que os robôs aceleram tanto a disseminação de informações falsas quanto das verdadeiras. Ou seja, as fake news se espalham mais que as verdadeiras pela ação das pessoas, e não dos robôs. O estudo ainda mostrou que as mentiras provocam sensações como “medo, desgosto e surpresa”, enquanto as histórias verdadeiras inspiram “expectativa, tristeza, alegria ou confiança”.

De acordo com o Código Penal brasileiro, espalhar um boato sobre alguém, o que abrangeria as fake news, pode ser considerado um crime contra a honra, punido com multas e até a detenção do autor. Ou seja, não só quem produz o conteúdo, mas também quem ajuda a espalhá-lo, pode ser legalmente responsabilizado. As notícias falsas também podem ser enquadradas em outros tipos penais.

“As tentativas de se regulamentar o combate às fake news sofreram reveses durante o processo legislativo, seja por parte da base de apoio do governo no Congresso, seja pela Presidência da República”, afirma o advogado Ricardo Tadao, diretor da Procuradoria Jurídica (Projuris) da CMC. Ele explica que “felizmente, a Justiça Eleitoral, em julgados recentes, tem entendido que a divulgação de fake news pode ser caracterizada como abuso de poder econômico”. O problema, avalia o servidor, “representa hoje, sem sombra de dúvida, o maior risco para a democracia, diante do seu grande potencial em influenciar o resultado eleitoral”.

Anatomia de um migué

E como se prevenir, diante do volume de informações que circulam diariamente? No combate às fake news, a primeira dica é: na dúvida, não repasse. Alguns elementos comuns entre as falsas notícias ajudam no processo de checagem, para identificar se a informação é verdadeira ou não passa de um migué, no bom curitibanês.

  • Pode desconfiar, logo de cara, se a informação vier com o link “quebrado”, ou que não abre;
  • O segundo passo é procurar a fonte da informação: a notícia foi escrita por alguém conhecido ou um veículo de comunicação confiável? Os “especialistas” mencionados possuem um nome, são conhecidos em suas áreas? Se não, já é outro indicativo de fake news;
  •  Outro sinal de alerta ao migué são os erros gramaticais e as contradições que marcam presença nas notícias falsas — sutis ou não, conforme a atenção do leitor;
  • Por fim, a característica mais comum entre as fake news: o tom alarmista ou sensacionalista, tentando passar a impressão de algo super importante ou um grande furo jornalístico.

Essa fórmula, de apelar à sensação de urgência para tentar chamar a atenção do leitor, para depois revelar uma (des)informação chocante, busca que o destinatário compartilhe a notícia de forma impulsiva. Apenas mais tarde a pessoa irá processar o que leu, ou pesquisar sobre o assunto. Por isso a checagem é fundamental, principalmente antes do compartilhamento.

Ainda em dúvida?

Desde que o termo fake news surgiu, as notícias falsas evoluíram muito. Assim, mesmo com todo o conhecimento, ainda estamos suscetíveis a cair na rede dos disseminadores de boatos, principalmente se compartilhado por alguém que conhecemos e confiamos.

Por isso, diversos projetos de checagem de informações podem auxiliar a população em caso de dúvida. Um deles é o Gralha Confere, do Tribunal Regional do Paraná (TRE-PR), do qual a CMC é parceira na campanha contra as fake news. A iniciativa atende todo o estado, esclarecendo informações sobre o processo eleitoral.

Na última terça-feira (16), por exemplo, o Gralha Confere alertou que é falsa a notícia em circulação nas redes de que os eleitores que fizeram ou transferiram o título em 2022 teriam o voto computado para determinado candidato. O projeto também conta com uma cartilha que ensina o eleitor a identificar as fake news.

No mesmo formato, porém a nível nacional, existe o Fato ou Boato, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Também existem agências especializadas em realizar a checagem de fatos, não apenas sobre as eleições ou o noticiário político, como a Agência Lupa, fundada em 2015. Já o Comprova é um projeto de jornalismo colaborativo que conta com diversos parceiros pelo Brasil contra a desinformação.

Para mais dicas, checagens e, claro, memes, acompanhe as postagens do MiguéNews nos perfis da Câmara de Curitiba no Instagram, TikTok e Twitter.

MiguéNews

O combate às fake news no processo eleitoral é tema da primeira temporada do MiguéNews, projeto especial da CMC, lançado na última segunda-feira (15), para ajudar no combate à desinformação. A iniciativa é fruto do convênio inédito firmado entre o Legislativo de Curitiba e o TRE-PR.

A campanha reúne matérias informativas, históricas e tutoriais, reforçando o compromisso da Câmara com a educação política e a transparência pública. Nos vídeos produzidos para as redes sociais da Casa, a aposta é no humor, com a Família MiguéNews, satirizando quem espalha falsas notícias por aí. Por isso, lembre-se: quem não confere a informação, passa por bobo na discussão.

Restrições eleitorais

Em respeito à legislação eleitoral, a comunicação institucional da CMC será controlada editorialmente até o dia 2 de outubro. Nesse período, não serão divulgadas informações que possam caracterizar uso promocional de candidato, fotografias individuais dos parlamentares e declarações relacionadas a partidos políticos, entre outros cuidados. As referências nominais serão reduzidas ao mínimo razoável, de forma a evitar somente a descaracterização do debate legislativo.

Ainda que a Câmara de Curitiba já respeite o princípio constitucional da impessoalidade, há dez anos, na sua divulgação do Poder Legislativo, publicando somente as notícias dos fatos com vínculo institucional e com interesse público, esses cuidados são redobrados durante o período eleitoral. A cobertura jornalística dos atos do Legislativo será mantida, sem interrupção dos serviços de utilidade pública e de transparência pública, porém com condicionantes.

Fonte: Câmara Municipal de Curitiba