Grande Curitiba

Atendidos pela FAS aprendem a arte do petit-pavê em Curitiba

7 de fevereiro de 2023 às 16:49
(Foto: Andre Wormsbecker/FAS)

COM ASSESSORIAS – Quatorze homens acolhidos pela Fundação de Ação Social (FAS) participam do curso de calcetaria ofertado pelo programa Liceu de Ofícios e Inovação, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).

Esta é a quarta turma do curso que começou a ser oferecido em novembro de 2022 para qualificar pessoas em situação de rua atendidas pelo município para uma área carente de profissionais no mercado de trabalho.

As aulas são realizadas na Praça Solidariedade, Rebouças, onde a Prefeitura mantém um complexo de atendimento a pessoas em situação de rua. As atividades dessa quarta turma começaram no dia 31 de janeiro e vão até a próxima quinta-feira (9/2), de manhã e à tarde.

Os participantes aprendem como construir as famosas calçadas com pedras portuguesas, técnica de pavimentação que em Curitiba também é chamada de petit pavê. A turma aprende também sobre a história desse tipo de revestimento, trazida para Curitiba por imigrantes no início do século 20.

Em Curitiba, o revestimento ganhou desenhos característicos do Movimento Paranista (1903 -1923), liderado por artistas como Lange de Morretes, Domingos Nascimento, Romário Martins, Zaco Paraná e João Turin. Os desenhos podem ser vistos no calçadão da Rua XV, em frente ao Palácio 29 de Março (sede da Prefeitura) e nas praças Osório e Santos Andrade.

Futuros calceteiros

Atendido no Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro Pop) Solidariedade e acolhido em um dos hotéis sociais mantidos pela Prefeitura, Ederson Enrique dos Santos, 38 anos, participa do curso e conta que a cada dia gosta mais da atividade. “Eu não tinha interesse, mas fui incentivado pela equipe e acabei participando da primeira reunião e peguei gosto. Penso na remuneração que poderei ter depois de me tornar um profissional qualificado”, conta.

O trabalho artesanal também chama a atenção.

“Vi que a calcetaria é, na verdade, uma arte”, diz Ederson, que foi aprovado no concurso público realizado pela Prefeitura em 2022 para a função de educador social da FAS.

Samuel Pedro, 33 anos, que há um mês é atendido pela fundação na unidade de acolhimento Boqueirão, também participa atento das aulas. “Eu já tenho experiência na construção civil e aqui fiquei sabendo que a calcetaria é uma área que tem pouca gente e uma grande necessidade de mercado”, comenta.

Formatura

O curso de calcetaria tem 39 horas de atividades. Os participantes com mais de 75% de frequência recebem certificado emitido pelo Senac, parceiro da FAS na oferta de cursos profissionalizantes.

No dia 14, os participantes das quatro turmas que concluíram o curso participarão da formatura no Mosteiro Monte Carmelo, que possui uma comunidade terapêutica para dependentes químicos e onde o curso também foi ofertado para duas turmas, em janeiro.

O curso tem como instrutores Valmir Gomes, conhecido calceteiro curitibano que desde 1970 trabalha na construção de calçadas da capital, e o arquiteto e urbanista Fábio Malikoski, doutorando em restauração e conservação de espaços culturais pela Universidade Federal da Bahia.

Para o mestre Gomes, que sempre quis ensinar a técnica milenar, o curso é uma forma de resgatar a profissão. “Ensinar a calcetaria era o meu sonho, quero deixar o meu legado”, conta.

Além de ensinar a profissão às pessoas em situação de rua, a FAS vem trabalhando para que os novos calceteiros possam ser contratados pelas empresas que prestam serviços à Prefeitura na construção de calçadas e também para outras empresas da cidade que atuam no setor, segundo a diretora de Qualificação e Relações do Trabalho, Melissa Cristina Alves.