Grande Curitiba

Nova edição de Narrativas Afro-Curitibanas contém memórias, afetos, lutas e ancestralidade

26 de maio de 2023 às 10:52
(Foto: Hully Paiva/SMCS)

COM ASSESSORIAS – No Dia da África, celebrado nesta quinta-feira, 25 de maio, Curitiba ganhou a segunda edição das Narrativas Afro-Curitibanas. O livro impresso foi lançado no Solar da Cultura, no Largo da Ordem. O projeto foi organizado e coordenado pela Assessoria de Direitos Humanos – Promoção da Igualdade Étnico-Racial.

O livro traz textos de 20 autores e autoras negras que moram em Curitiba. Cada narrativa conta a vivência, histórias e lutas que cada um enfrentou para chegar até aqui.

A assessora de Direitos Humanos – Promoção da Igualdade Étnico-Racial, Marli Teixeira Leite, lembrou que a primeira edição das Narrativas Afro-Curitibanas foi lançada em 2019, durante a pandemia. “Fizemos um lançamento on-line, por conta do isolamento. Agora estamos vendo o rosto feliz de todos os autores e autoras aqui”, afirmou Marli.

“Esse projeto das Narrativas vai estimular outras pessoas a contarem suas histórias e vamos continuar com as Narrativas dos indígenas, dos ciganos e de outros negros e negras”, completou a assessora da Promoção da Igualdade Étnico-Racial.

Durante o lançamento houve apresentações culturais com o cantor Daniel Montelles, que também é autor de uma das narrativas, e a palestra Racismo e Ocupação de Espaços feita pelo presidente da Comissão de Igualdade racial da OAB-PR, Cassio Leite.

Memórias e ancestralidade

A segunda edição das Narrativas Afro-Curitibanas contém memórias, afetos, lutas, superação, cultura, diálogos, reflexões, sonhos e ancestralidade. Uma coletânea cheia de signos e significados, vidas que se intercruzam, passado e presente ressignificando a existência negra, formando uma teia viva que modifica o futuro.

Entre os autores está a mulher trans negra Branca Caroline Nogueira, 42 anos, que ficou orgulhosa de ter participado do projeto.

“Foi bastante acolhedor e libertador ter a oportunidade de contar a minha história de resistência. Tenho muito orgulho de chegar mais longe do que imaginava. E por minha mãe sempre falar do orgulho que tinha de onde eu cheguei”, contou Branca, que um dia antes do lançamento se despediu da mãe, que faleceu.

Apesar da tristeza da perda familiar, ela conta que está muito bem resolvida e tranquila com as escolhas que fez na vida. “Quem precisa se resolver são os outros, não eu”, disse ela ao comentar sobre preconceito e racismo que existem na sociedade.

A professora Wislla Xavier do Carmo, 35 anos, contou sobre a vivência dos pais dela que vieram da roça do interior de Minas Gerais, da cidade de Nova Módica. “Vim com eles para Curitiba quando eu tinha 1 ano. Meus pais não tinham emprego nem onde morar. Todos nós vencemos e fiquei muito feliz de participar nas Narrativas. Jamais imaginei participar de um projeto assim”, contou Wislla que foi com o filho e o marido participar do lançamento.

A coordenadora da Escola Integral Curitiba 330, Suzane Verissimo, também falou sobre a infância e como é a vida de professora. “Projetos assim ajudam a ressignificar nossas histórias e vivências de população negra em Curitiba”, afirmou.

Todas as Narrativas Afro-Curitibanas serão distribuídas nas escolas municipais, nos Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis), Faróis do Saber e secretarias e órgãos municipais e do Governo do Estado.

Autores e autoras das Narrativas Afro-Curitibanas

Ana Paula Machado
Branca Caroline Nogueira e Silva
Daniel Montelles
Josiane Inácio dos Santos
Juliana Cidalia de Oliveira Purcino
Juliana Guedes da Silva Wazny
Juliana Mara da Silva
Junia Celle da Costa Silva
Larissa Roberta Gomes de Lima Joay
Lilian Gonçalves
Luiz Fernando de Alcântara Araújo
Maureen Reis
Neura Aparecida Campos de Lima
Patricia Maria da Silva
Reginaldo Geraldo dos Santos
Roberta Kisy Guimarães Lourenço
Rosana de Jesus Santos
Samuel Costa
Suzane Verissimo Valério
Viviane dos Santos Fonseca
Wislla Xavier do Carmo