Compromissos do Pacto Educativo Global são apresentados na Tribuna Livre
Uma educação humanista e solidária como prioridade no planeta. Esta é proposta do Pacto Educativo Global, apresentada na Câmara Municipal de Curitiba (CMC) nesta quarta-feira (8). O tema foi tratado na Tribuna Livre do Legislativo, durante a sessão plenária, pelo gerente de Extensão Universitária da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Rodrigo de Andrade.
O convidado é o delegado da instituição de ensino perante o Dicastério para Cultura e Educação, do Vaticano, e esteve no plenário por proposição do vereador Marcos Vieira (PDT). Doutor em em Teologia pela PUCPR, ele também é mestre em Políticas Públicas pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), especialista em Gestão de Processos Pastorais e tem experiência como educador social, articulador de políticas públicas e extensão de projetos de extensão universitária.
“O Pacto Educativo Global é uma aliança proposta pelo Papa Francisco em 2019, para promover uma educação centrada no novo humanismo e que seja capaz de formar pessoas maduras para viver na sociedade atual. Esta aliança se volta a educadores, famílias, Igreja, poder público, membros da sociedade civil, entre outros agentes de transformação”, adiantou Marcos Vieira, na abertura da Tribuna Livre, de sua iniciativa (076.00009.2024).
Aos vereadores de Curitiba, e população em geral, Rodrigo de Andrade detalhou os objetivos do Pacto Educativo Global e os sete compromissos lançados pelo Vaticano. Segundo ele, a ideia é fomentar o debate sobre a necessidade de repactuar a educação. “[Trata-se] daquilo que o Papa Francisco tem dito: que a aliança pela educação no mundo está rompida, de que muitas vezes foi delegado somente às instituições de educação a responsabilidade de instruir nossos jovens, quando, na verdade, esta responsabilidade seria de toda a sociedade.”
O principal compromisso do Pacto é ressignificar a herança do Iluminismo, que tende a formar macrocéfalos. “Não podemos apenas formar [as pessoas] numa perspectiva tecnicista, onde apenas os conteúdos técnicos e voltados à formação de mão de obra estejam em primeiro plano. É preciso formação humana, cidadã, solidária. Como o Papa Francisco diz, ‘é preciso que os jovens e todas as pessoas pensem o que sentem e o que fazem, sintam o que pensam e o que fazem, e por último façam o que pensam e o que sentem’. Esta é a linguagem da cabeça, do coração e das mãos”, afirmou Rodrigo de Andrade.
Sete compromissos do Pacto a serem adotados
O convidado ainda detalhou os sete compromissos do Pacto Educativo Global. O primeiro é colocar a pessoa no centro de cada processo educativo, realçando sua especificidade e sua capacidade de se relacionar com os outros, contra a cultura do descartável. Para isto, o Pacto sugere que os educadores criem, por exemplo, condições para que todos os membros da sua instituição/organização tenham acesso e conheçam a Carta Universal dos Direitos Humanos.
O segundo é ouvir as gerações mais novas, escutar a voz das crianças, dos adolescentes e jovens para juntos construir um futuro de justiça e de paz, uma vida digna para cada pessoa. Para isto, recomenda-se promover o protagonismo dos estudantes e jovens e o seu acesso à educação, e assegurar a participação dos representantes dos estudantes nos órgãos consultivos e deliberativos da sua instituição/organização.
A promoção da mulher é outro eixo do Pacto Educativo Global, a fim de favorecer a participação plena das meninas e das jovens na educação. No documento, o Vaticano propõe que seja garantida, na medida do possível, uma presença equitativa masculina e feminina nas instituições; incentivada as políticas a favor da participação das jovens na educação; a proteção da presença de um número equitativo de mulheres nas funções de gestão, no corpo docente e órgãos colegiais das escolas; e sejam condenadas todas as formas de discriminação e violência contra as mulheres.
Também é um compromisso a ser seguido a responsabilização da família como sujeito educador. São sugeridas as seguintes ações: envolver sempre as famílias nas atividades educativas da instituição de ensino; garantir a presença dos representantes dos pais nos órgãos consultivos e deliberativos; construir pactos educativos comunitários entre as escolas e a família, para responder às necessidades do território; e incentivar programas de formação e autoformação dos pais.
Por fim, os outros três compromissos elencados pelo Pacto são: se abrir à acolhida, recebendo os mais vulneráveis e marginalizados; renovar a economia e a política; e cuidar e cultivar a casa comum, protegendo os seus recursos, adotando estilos de vida mais sóbrios e visando energias renováveis e respeitosas do meio ambiente. Especificamente no compromisso de cuidar da casa comum, oito instituições de ensino de Curitiba e da RMC, entre elas a PUCPR e a UFPR, se uniram em torno da campanha “Chimarrão Solidário” para arrecadar donativos e colocar os estudantes para ajudar a Defesa Civil, a Provopar e a FAS (Fundação de Ação Social) na separação das doações para o Rio Grande do Sul, que tem sofrido há uma semana com enchentes.
PUCPR é a representante brasileira em observatório do Vaticano
Rodrigo de Andrade explicou ainda, que o Vaticano criou o Observatório Internacional do Pacto Educativo Global para monitorar o cumprimento dos compromissos. Este grupo é liderado pelo Dicastério para a Cultura e Educação do Vaticano, uma espécie de Ministério da Educação, e composto por 11 universidades do mundo que auxiliam nas reflexões, nos debates, em torno de cinco pontos estratégicos: dignidade e direitos humanos, fraternidade e cooperação, tecnologia e ecologia integral, paz e cidadania e cultura e religiões.
O Brasil tem um representante no Observatório: a PUCPR. A universidade é uma das responsáveis pelo eixo dignidade e direitos humanos. “Para nós tem sido um assunto muito caro. É um convite realizado pelo Papa Francisco, que não se direciona às pessoas religiosas ou crentes, mas a toda a humanidade. […] O Pacto não é um plano de ação estabelecido, não é um projeto pessoal do Papa, não é estritamente pedagógico e não está restrito ao âmbito religioso, nem é restrito à Igreja Católica”, finalizou o convidado, que após sua explanação respondeu a questionamentos de Marcos Vieira e dos vereadores Indiara Barbosa (Novo), Oscalino do Povo (PP) e Professora Josete (PT).
O que é a Tribuna Livre da Câmara de Curitiba?
A Tribuna Livre é o canal de interlocução entre a sociedade e os vereadores de Curitiba. Os temas são de livre escolha, sugeridos pelos próprios parlamentares. As falas servem, por exemplo, para a prestação de contas e a apresentação de uma campanha de conscientização. Conforme o Regimento Interno (RI) do Legislativo, as Tribunas Livres ocorrem nas quartas-feiras, durante a sessão plenária, após o espaço do pequeno expediente.
Fonte: Câmara Municipal de Curitiba