Grande Curitiba

Além das estradas: confira os desafios enfrentados por caminhoneiras

“Nunca pense que não pode, não consegue. Se tiver uma meta, persista. Só não esqueça: seja feliz”, diz a caminhoneira Elza
8 de março de 2022 às 09:43
Da esquerda para a direita, as caminhoneiras: Eliane Chiquel, Elza da Silva Oliveira, Adriana de Olveira Polerá e Tamyres Silva

Elza da Silva Oliveira, de 41 anos, diz ter escolhido viver como se “o amanhã não fosse existir”. Ela, que é natural de Osasco, São Paulo, hoje mora acompanhada de sua independência na Lapa, Região Metropolitana de Curitiba. Solteira e sem filhos, Elza conta que descobriu os seus limites e decidiu ultrapassa-los ao ingressar na profissão de caminhoneira.

Segundo ela, mesmo que a gratidão preencha grande parte de sua rotina, a vida nas estradas é marcada por grandes desafios. Como aponta a profissional, entre tantos empecilhos, o preconceito se faz presente na grande maioria deles, até mesmo nos detalhes, que poucos percebem, mas que elas diariamente vivem, como, por exemplo: na falta de um banheiro feminino em diferentes paradas.

“Há diversas dificuldades, a primeira delas é ser reconhecida pelo nosso trabalho”, relata a caminhoneira.

Tamyres Silva, de 34 anos, também confirma a situação relatada pela colega de profissão. Segundo ela, “muitos [postos] não têm banheiro feminino”, portanto, elas normalmente esperaram para serem as últimas a tomarem banho.

“Ou [pedimos] pra alguém ficar na porta do banheiro”, conta Tamyres.

Para Eliane da Silva Chuquel, de 40 anos, ser caminhoneira vai além de uma profissão, é sobre um lar, um escritório, uma carreira que oferece e exige comprometimento, liberdade e paz. Conforme Eliane, por ser uma profissão majoritariamente masculina, os desafios de infraestrutura se sobressaem, assim como a questão da segurança que vai para além das estradas.

“Somos mulheres motoristas e estamos ali, trabalhando para levar o sustento para a família. Não estamos passeando, nem se divertindo, mas sim trabalhando honestamente. Merecemos respeito”, contou a profissional.

A sensação de coração apertado por estar longe da família também é um problema enfrentado pelas caminhoneiras. Tamyres, por exemplo, é mãe de dois meninos, Enzo, de seis, e Zeno, de oito. Para ela, que afirma ter sido julgada inúmeras vezes pela profissão e a rotina, as pessoas tendem a esquecer que, além de caminhoneiras, “somos mulher, mãe, irmã, filha” e que também podem ser responsáveis pelo sustento.

Juntas somos mais fortes

Michele Caroline Prado Rudek, de 37 anos, é diretora da empresa de logística “CIA Verde”. Além de ocupar um tipo de cargo, o qual é pouco representado por mulheres – o de liderança -, Michele é responsável por coordenar a equipe de mulheres caminhoneiras. Ao ser questionada sobre a importância deste papel e o de mulheres se apoiarem entre si, a empresária falou sobre ser um “desafio diário”, mas, principalmente, uma oportunidade para ser motivação para que consigam desempenhar as atividades mostrando o quanto são guerreiras e determinadas.

“Ser mulher significa ter a sensibilidade e delicadeza para administrar suas atividades profissionais, conciliando com todos os papéis que nos cabe, não deixando de buscar bravamente o que almejamos”, contou Michele.

Segundo a estimativa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), em 2021, mulheres representavam apenas 0,5% do total de caminhoneiros do Brasil.

8 de março

Apesar dos espaços estarem sendo conquistados aos poucos, os dados apontam que a representatividade ainda é quase nula na área. Diante de um cenário como este, a caminhoneira Adriana De Oliveira Polera, de 49 anos, comenta sobre o que espera e deseja para as colegas de profissão e todas as outras mulheres neste 8 de março:

“Não existe mais aquilo que lugar de mulher é em casa, mulher pode estar onde quiser, realizando a profissão que quiser”, disse a caminhoneira.

Para Eliane, as mulheres raramente são lembradas por coisas boas, mas “o dia da mulher é todo dia, toda hora e todo segundo”.

“Não há amor maior do que o amor de mãe, amor que acolhe, amor que não escolhe, amor que não desiste”, comentou a profissional.

Elza ressalta a importância do apoio de uma mulher para que a outra consiga “viver e encarar os desafios com determinação e alcançar os seus objetivos e ser a melhor, não só não profissão, mas em todas as áreas da vida”:

“Nunca pense que não pode, não consegue. Só não pode quem não quer. Se tiver uma meta, persista até conseguir. Só não esqueça: seja feliz”, finaliza a caminhoneira Elza.

Fonte: RIC Mais

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