Grande Curitiba

Dia Mundial do Acolhimento Familiar: afeto e proteção motivam participantes em Pinhais

Assistência Social faz credenciamento de interessados para atendimento provisório de crianças e adolescentes que tiveram direitos violados
29 de maio de 2025 às 11:12
(Foto: Divulgação)

COM ASSESSORIAS – Preparar a criança com afeto e compreensão para que ela esteja pronta para viver em um lar definitivo. Essa é a intenção que move Cristine Helena Florencio, participante do Serviço de Família Acolhedora (SFA) em Pinhais. No ano passado, a empresária tornou-se responsável temporária pela pequena Ma, de 2 anos e meio. Nesses 9 meses de convivência, presenciou grande evolução no desenvolvimento socioemocional e cognitivo da menina.

“Ela não interagia. Agora em família ela abraça, beija, sai para brincar. Teve a parte do comportamento, da fala. Ela hoje é uma criança pronta para entrar em uma família definitiva e seguir o caminho dela”, conta Cristine, que aos 59 anos mudou sua rotina para dar abrigo a quem precisava. Assim como Ma, outras duas crianças estão sob cuidados temporários com moradores de Pinhais participantes do Serviço de Família Acolhedora.

Há seis famílias habilitadas e duas em processo de credenciamento no SFA de Pinhais, que entrou em operação em 2024 e que continua aberto a inscrições para atendimento do público que foi afastado temporariamente de sua família de origem, devido a situações de violações de direitos. Esse é um programa de alcance global, cuja importância é celebrada em 31 de maio, Dia Mundial do Acolhimento Familiar.

Em Pinhais, a data será marcada por um encontro com os participantes do serviço, que é conduzido pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), como parte das políticas públicas da Proteção Social Especial de Alta Complexidade (PSAE) do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

A data também serve de incentivo para a adesão de mais famílias. Segundo a coordenadora do Serviço de Família Acolhedora em Pinhais, Roselene Martins da Silva, os interessados podem procurar o serviço o ano todo. Dependendo do número de inscrições, são organizadas turmas para a formação necessária. “Atualmente estamos fazendo duas turmas por ano, porém podemos e queremos ter mais turmas. É um serviço desafiador devido a sua complexidade. Apesar de ser um serviço que existe em muitos países, no Brasil sua implantação é recente”, explica.

Depois da formação inicial, o acompanhamento é contínuo e integral. Roselene explica que há envolvimento de toda a Rede de Proteção das Crianças e Adolescentes, que inclui a Prefeitura Municipal, outros órgãos públicos e comunidade. Todos são movidos pelo desejo de garantir afeto a quem precisa, observa Roselene. Além de acompanhar a família acolhedora e a criança acolhida, equipes da Semas também atuam próximas aos familiares de origem, que recebem a oportunidade de se restabelecer para receberem os filhos de volta.

Lar provisório

A empresária Cristine conta que sempre fez trabalho voluntário, desde adolescente. Ela morava em São Paulo e se mudou para Pinhais quatro anos atrás, quando seu neto nasceu em Curitiba. Entrou para o Rotary Pinhais e, com a experiência de educadora física e técnica em nutrição, iniciou o programa “Vamos para a cozinha” em uma das instituições de acolhimento do município. Disse que queria ajudar mais e ouviu sobre o Serviço de Família Acolhedora. Após pesquisar e ver entrevistas de pessoas que já tinham participado, decidiu que iria fazer também.

Quando se sentiu pronta, Cristine recebeu Ma, graças à facilidade que o home office (trabalho remoto) proporciona. Durante um mês cuidou dela em tempo integral. Depois a menina foi matriculada em um Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei). “Na família de origem, ela tinha contato apenas com crianças grandes. Ficou encantada de encontrar coleguinhas da idade dela. E ela sabe que vai sair e que vai voltar, que este é um refúgio dela”, conta Cristine.

No caso de Ma, após terminado o prazo de acolhimento provisório, ela será encaminhada para adoção, pois já foi destituída do poder familiar. “Converso bastante com ela, que ainda é pequena, mas entende que vai ter outra casa, outra mamãe. Ela fica entusiasmada com a ideia”, conta Cristine. Ela elogia o trabalho das equipes da Semas. “Temos contato constante. Virou uma grande família. Posso contar com eles o tempo todo. Não me sinto sozinha no acolhimento, me dão apoio total”, relata. Cristine compartilha fotos e vídeos de Ma com Roselene e outros participantes do programa, que se emocionam ao ver o desenvolvimento da menina.

A empresária diz não saber como se sentirá após o desacolhimento, que é previsto em torno de 18 meses após uma família abrigar a criança ou adolescente. “Esta experiência tem começo, meio e fim. Estou no meio, chegando ao fim. Mas vivo o presente. Sei que a criança não é minha. Veio porque ela precisava e dou o meu máximo, assim como faço o máximo pelas pessoas amadas”, relata a mãe acolhedora.

Como coordenadora do SFA, Roselene é franca sobre a complexidade do programa, mas ressalta que o fundamento é simples. “A essência do serviço é o cuidado e proteção das crianças e adolescentes em um ambiente familiar cercado por amor, carinho, atenção e dedicação. O acolhimento é passageiro, mas o amor é eterno”, resume.

Serviço

Serviço de Família Acolhedora (SFA)

Telefone: (41) 99179-8834

E-mail: [email protected]

Formulário para pré-cadastro no SFA de Pinhais (clique aqui)