Grande Curitiba

Hipertensão: condição silenciosa é responsável por mais de 10 milhões de mortes por ano no mundo

Doença que atinge 30% da população brasileira pode causar perda de função renal, afetar a visão e desencadear infartos e AVCs
24 de abril de 2025 às 16:30
Conhecida como uma enfermidade silenciosa, a hipertensão está entre as principais causas de problemas cardiovasculares e complicações graves. (Foto: Envato)

COM ASSESSORIAS – Conhecida como uma enfermidade silenciosa, a hipertensão está entre as principais causas de problemas cardiovasculares e complicações graves. Isso porque, na maioria dos casos, o paciente não apresenta sintomas — e é justamente aí que mora o perigo.

Segundo dados do Ministério da Saúde e do Vigitel, 25% dos adultos em Curitiba convivem com pressão alta. Esse cenário reflete uma tendência preocupante também no estado: de acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, o Paraná registrou um aumento de 194% nos atendimentos relacionados à condição, passando de 1,5 milhão em 2021 para mais de 4,6 milhões em 2023. Conforme indicam os dados mais recentes, somente no primeiro semestre de 2024, mais de 2,4 milhões de registros já haviam sido realizados, evidenciando a crescente demanda por cuidados com a saúde cardiovascular entre os paranaenses.

Mesmo sem sintomas aparentes, a elevação persistente da pressão pode causar danos significativos ao organismo. “Muitas pessoas não acreditam que estão doentes porque não sentem nada. Mas é importante entender que os sinais só surgem quando o problema já provocou consequências no corpo, o que reforça a relevância da conscientização sobre o diagnóstico precoce”, alerta a cardiologista dos hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru, Larissa Rengel.

Fatores de risco

O envelhecimento é um dos principais elementos associados ao surgimento da pressão alta. “A hipertensão está diretamente ligada ao avanço da idade. Com o aumento da expectativa de vida da população, é natural que haja mais pessoas idosas e, consequentemente, um crescimento nos casos”, explica a médica. Além da idade, o estilo de vida também exerce papel decisivo no desenvolvimento do problema. Dietas com alto teor de sódio, baixo consumo de frutas e verduras, sedentarismo e excesso de peso contribuem para o descontrole dos níveis da pressão arterial.

Os distúrbios de pressão também têm forte componente hereditário, ou seja, pessoas com histórico familiar da doença devem redobrar a atenção. A obesidade, por exemplo, está fortemente ligada à elevação da tensão arterial. “Não é incomum que pacientes que usavam três ou quatro medicamentos para o controle da hipertensão deixem de precisar das medicações após perderem 30 ou 40 quilos com a cirurgia bariátrica”, relata Larissa.

Outros fatores, como diabetes, colesterol elevado e tabagismo, frequentemente estão associados ao quadro hipertensivo. “Um paciente com pressão desregulada, diabetes e colesterol alto apresenta um risco muito elevado de sofrer um infarto ou desenvolver insuficiência cardíaca”, destaca a especialista.

Complicações ocultas

Embora infarto e AVC sejam as consequências mais conhecidas, não são as únicas. “No Brasil, essa disfunção é a principal causa de perda da função renal, levando muitos à diálise. Também pode afetar a visão, provocando perda parcial ou total da capacidade de enxergar”, observa Larissa.

Diante desse cenário, um diagnóstico preciso é essencial. “Se alguém passou por uma situação de estresse e apresentou pressão de 15 por 9, isso não significa, necessariamente, que seja hipertenso. São necessárias medições repetidas, em momentos de tranquilidade, e, em alguns casos, exames específicos para confirmar o quadro com segurança”, enfatiza.

Controle

De acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão, cerca de 70% dos diagnosticados não conseguem manter os níveis dentro dos limites recomendados. Os principais motivos são a baixa adesão ao tratamento e a dificuldade em modificar hábitos. “Tomar o remédio é apenas uma parte do processo. É fundamental perder peso, adotar uma alimentação equilibrada, reduzir o consumo de sal e praticar atividade física com regularidade. E muita gente ainda não leva isso a sério”, comenta a médica.

Outro erro comum é interromper o uso da medicação por conta própria. “Muitas pessoas pensam: ‘Se eu não estou sentindo nada, posso parar por um ou dois dias’. Mas essa interrupção prejudica o tratamento e aumenta o risco de complicações futuras”, complementa Larissa.

Prevenção

Manter uma alimentação saudável, praticar exercícios regularmente e realizar check-ups periódicos faz toda a diferença — especialmente quando esses cuidados são incorporados desde a infância e mantidos ao longo da vida. “Vale a pena dedicar alguns minutos do dia para tomar o remédio, cuidar da alimentação e se exercitar. Pode parecer simples, mas são hábitos que podem representar 20 ou 30 anos a mais com saúde e qualidade de vida”, finaliza a cardiologista.